Um Amir intransponível na baliza e um Alipour letal na hora de atirar a contar valeram uma importante vitória ao Marítimo na receção ao Farense, em jogo da 26.ª jornada da Liga. Os madeirenses, que somaram o terceiro triunfo (!) em casa na presente temporada, ultrapassaram os algarvios na classificação e ganharam vantagem num eventual confronto direto que venha a ser necessário para desempatar a posição entre ambos no final do campeonato.

Não foi um jogo agradável de se ver, por culpa das muitas faltas cometidas e de muitos nervos de parte a parte. Mas o futebol também oferece estes momentos, e tendo em conta a luta em que ambas as equipas se encontram envolvidas (fugir à despromoção), dificilmente poderia ter-se assistido a um jogo diferente.   

O duelo de aflitos começou rasgadinho, com ambas as equipas a recorrerem a faltas cirúrgicas para travar as intenções adversárias, sobretudo o Marítimo, que aos 13 minutos já tinha três jogadores amarelados por Manuel Mota.

Os ânimos acalmaram à terceira cartolina, mas o jogo manteve-se preso, com madeirenses e algarvios a não cederem espaços à construção de jogo. A equipa de Julio Velázquez acabou por criar a primeira ocasião de golo pouco depois do quarto de hora, com Alipour a desviar de cabeça um cruzamento bem trabalhado por Rúben Macedo, na direita. Mas o esférico saiu ao lado da baliza de Beto. 

A turma de Jorge Costa começou a assumir o jogo, praticando um futebol mais entrosado e assertivo, mas evidenciando alguma falta de critério uma vez chegado ao último terço. Ryan Gauld deixou o primeiro aviso, com um remate perigoso que passou muito perto da trave da baliza de Amir, perto da meia hora, e, aos 33, o golo só não aconteceu por força da atenção e agilidade do guardião iraniano. 

Aos 33m, na sequência de um pontapé de canto desde a esquerda, Gauld antecipou-se a um defesa madeirense perto do primeiro poste, e o desvio, de cabeça, proporcionou uma grande intervenção de Amir, embora a meias com a trave. A bola ficou a jeito de uma recarga, mas a cabeçada de Eduardo Mancha foi travada por nova defesa do iraniano, mesmo em cima da linha de golo. O árbitro Manuel Mota ainda ouviu o VAR sobre a hipótese de o esférico ter entrado completamente na baliza, mas a consulta indicou para seguir o jogo.

Os algarvios mandavam no jogo, mas acabou por ser o Marítimo a marcar, já perto do intervalo. Aos 43m, Renê Santos meteu a bola na área e esta, após resultar num defesa, foi ter com Alipour, que ainda conseguiu ganhar mais um ressalto antes de ficar em boa posição para bater o guardião Beto. O descanso chegou sem reação algarvia, mas com a perspetiva de uma segunda parte mais intensa.

Assim aconteceu. As duas equipas entraram com os olhos postos nas balizas, e logo nos primeiros minutos do reatamento o marcador esteve para ser acionado novamente. Destacaram-se Beto e Amir para manter o 1-0 trazido do intervalo, com o primeiro a negar o golo a Zainadine, e o segundo a fazer o mesmo a Madi Queta. Nota ainda para as perdidas protagonizadas pelo verde-rubro Leo Andrade e pelo alvinegro Pedro Henrique. 

O primeiro quarto de hora da etapa complementar ofereceu emoção a rodos, apesar de não ter mexido com o marcador. Mas o jogo foi perdendo objetividade com o passar do tempo, muito por culpa dos nervos - ou não fosse uma final pela manutenção que estava a ser disputada - e também devido às muitas mexidas táticas que foram sendo operadas por ambos os técnicos.

Taticamente, o Marítimo começou a jogar na expectativa de poder vir a surpreender nas transições rápidas ante um Farense que apostava todas as fichas em chegar ao empate. Os algarvios foram fechando bem os espaços ao contragolpe, embora recorrendo a faltas com alguma dureza, mas revelaram pouca cabeça na hora da finalização. 

Pedro Henrique foi chamado a finalizar três boas ocasiões, mas em todas elas acabou por falhar e deixando a imagem de que podia ter feito bem melhor. O Farense esteve sempre a rondar a área do Marítimo, mesmo nos descontos (foram além dos seis minutos), mas foi notória a falta de confiança, e também de engenho, para defeitear uma defesa que sentia-se na posse dessas armas para defender uma vantagem que pode vir a valor ouro nas contas finais do campeonato.