Foi feliz o regresso de Petit a casa: de volta ao futebol português, depois da aventura no Brasil, estreou-se no Rio Ave com uma vitória sobre o Boavista (2-0) em pleno Bessa, num jogo quentinho – por vezes até demasiado – e que foi cruel para os axadrezados.
O Boavista teve mais de duas dezenas de remates ao longo da partida, ficou perto do golo diversas vezes, mas deve a si próprio outro resultado. A equipa de Cristiano Bacci continua sem vencer… e sem marcar em casa. As valências do plantel estão espremidas ao máximo, mas terá de haver uma fórmula para retirar sumo das oportunidades criadas.
Quanto ao Rio Ave, resultou a troca de treinador: acabou-se a seca de 22 jogos sem vencer fora de portas.
O Rio Ave, depois de quatro anos de Luís Freire, entrou em campo com a leveza trazida pela chicotada psicológica. Os vilacondenses começaram melhor e já venciam aos cinco minutos. Clayton, após um excelente trabalho pelo corredor central, aproveitou a passividade da defesa boavisteira e deu vantagem aos visitantes.
A equipa agora comandada por Petit agarrou-se em demasia ao conforto da vantagem e acomodou-se. Começou a defender mais baixo e, a partir daí, o Boavista reagiu, provocando muitos erros dos vilacondenses no próprio meio-campo.
As aproximações à baliza de Miszta eram feitas sobretudo graças à objetividade de Bozeník. O avançado eslovaco, quer fosse com a cabeça ou com qualquer um dos pés, arranjou sempre recursos para atacar as bolas que foram bombeadas desde os corredores, embora sem a melhor pontaria.
O empate seria o resultado mais ajustado ao intervalo. O Boavista tinha feito por merecer (levava 11 remates, contra dois do Rio Ave e mais de 1xG), porém, estava mais uma vez a ser penalizado.
Com os escassos recursos de que dispõe, a equipa de Cristiano Bacci tentou forçar novamente o empate após o intervalo. Mais na raça, na bravura e no crer, mas ainda assim com oportunidades claras de golo.
As ameaças eram constantes e Petit teve de fazer algo. O treinador do Rio Ave mexeu, não só na sua equipa, mas também com o jogo – e com as emoções.
Rodrigo Abascal entrou num bate-boca com o antigo técnico – que pareceu até surpreendido com isso – à entrada do último quarto de hora e perdeu o foco. Instantes depois, ainda com a cabeça e os olhos em Petit, deixou Fábio Ronaldo escapar pela esquerda, antes de o extremo assistir Aguilera para o 2-0.
Estavam sentenciadas as aspirações do Boavista na partida, já que as dificuldades físicas eram evidentes.
Os momentos que se seguiram foram uma autêntica mancha ao que se tinha passado durante todo o jogo. Os jogadores do Boavista não gostaram dos festejos da equipa do Rio Ave, foram tirar explicações junto à bandeirola de canto e gerou-se uma enorme confusão. Resultado? Uma expulsão para cada lado – Seba Pérez do Boavista e Amine do Rio Ave.
A FIGURA: Clayton
O avançado brasileiro praticamente arrancou a partida a marcar. Logo aos cinco minutos, recebeu a bola ainda longe da área adversária, percorreu alguns metros e, só com a última linha do Boavista pela frente, aproveitou o espaço que os centrais lhe deram. Seguiu-se um remate colocado de pé esquerdo para abrir caminho à vitória, em parte também sustentada nas luvas de Miszta.
O MOMENTO: Aguilera põe fim às dúvidas, 76m
O Boavista somou várias ocasiões de golo, quer na primeira parte, quer após o intervalo. Apesar das deficiências na finalização dos axadrezados, o 1-0 deixou sempre no ar a dúvida quanto ao resultado final. O golo de Aguilera, após um excelente trabalho de Fábio Ronaldo na esquerda, selou as contas.
NEGATIVO: cenas lamentáveis após o 2-0
Os ânimos estavam exaltados, Abascal já se tinha envolvido numa troca de palavras com Petit e deu-se o 2-0, logo de seguida. Seba Pérez não gostou dos festejos do Rio Ave junto à bandeirola de canto e correu na direção dos jogadores adversários. Instalou-se a confusão no relvado e o capitão da equipa da casa acabou expulso, assim como Amine. A confusão manteve-se à boca do túnel.