Duas equipas desinspiradas, um nulo no marcador.

Assim foi o Santa Clara - Belenenses, da 27.ª jornada, disputado nos Açores. 0-0 no final dos 90 minutos, um ponto para a caminhada tranquila do Santa Clara, outro para o lanterna-vermelha do campeonato.

Pode não parecer, mas este foi um jogo especial. Ainda antes da bola rolar dentro das quatro linhas, já o ambiente era diferente. Dezenas de pessoas junto às rulotes no exterior do estádio, filas de adeptos para os bilhetes e as bancadas bem compostas demonstravam que os tempos pandémicos parecem, finalmente, ultrapassados – esperemos.

Este foi o primeiro jogo no espaço de dois anos em que a lotação do estádio não foi limitada, nem tão pouco foi exigido nem teste negativo à covid-19, nem certificado de vacinação. Sobraram apenas as máscaras nos rostos dos adeptos.

No relvado, o jogo começou equilibrado, com as duas equipas a pressionarem alto e a tentarem assegurar o domínio da bola, mas com o Belenenses a ser mais arrojado no último terço do terreno nos instantes iniciais. As duas primeiras iniciativas próximas da baliza contrária pertenceram aos lisboetas. Primeiro, aos oito minutos, Yohan Tavares até marcou, mas estava em posição irregular. Depois, aos 12, o remate de Abel Camará saiu por cima da baliza de Marco.

A resposta do Santa Clara chegaria aos 14 minutos, naquela que foi a única oportunidade de golo flagrante do encontro. Morita descobriu Lincoln na esquerda, o brasileiro cruzou para Rui Costa, mas o avançado português, na pequena área, incrivelmente, não conseguiu acertar com a baliza contrária. Falhanço que iria sair caro.

Aos 24 minutos, mais um aviso do Belenenses por intermédio de Baraye. O extremo recebeu na esquerda, ganhou espaço na frente de Ramos, e rentou fortíssimo, ligeiramente por cima da barra de Marco.

Com o passar dos minutos, a tónica do jogo ficou mais definida: a equipa de Mário Silva conseguiu dominar a posse de bola, mas teve sempre dificuldades em ter critério no último terço do terreno. O Belenenses, por seu turno, apesar de mais recuado e focado na organização defensiva, conseguiu – ao contrário do adversário - protagonizar investidas perigosas, sobretudo através do contra-ataque. Se o jogo inicialmente até começou intenso e bem disputado, a reta final do primeiro tempo perdeu qualidade e intensidade, com um jogo muito ‘mastigado’ no meio-campo.

No regresso das cabines, os azuis entraram mais atrevidos. Baraye, uma vez mais, arranjou espaço entre os defesas para rematar forte e a bola rasou a barra de Marco, que certamente respirou de alívio quando constatou que o esférico não entrou.

O Santa Clara não se deixou ficar. A equipa de Mário Silva, apesar de frouxa no ataque, apostou na meia distância. Anderson Carvalho, aos 56 minutos, rematou forte, mas a bola saiu por cima.

Com pezinhos de lã, a equipa açoriana foi-se aproximando da baliza azul. Aos 61 minutos foi Paulo Henrique quem esteve próximo do golo, após um livre cobrado por Lincoln. Aos 67, nova oportunidade para o conjunto açoriano: investida insular dentro da área, Lincoln remate em esforço para uma grande defesa de Luiz Felipe.

Na reta final, o Santa Clara, sempre em esforço, procurou aproximar-se da baliza contrária. Contudo, os açorianos, sempre lentos e previsíveis, não tiveram a capacidade para furar a defesa contrária.