Nuvens negras nos Açores. O Vizela bateu o Santa Clara por 1-0, num jogo equilibrado, marcado pela eficácia de uma equipa e a infelicidade de outra. Uma vitória da formação de Tulipa, que continua a galgar terreno na classificação e que afunda a formação insular no último lugar da tabela.

Nem a solenidade do dia serviu para a equipa da casa. Sexta-feira santa nos Açores. Um dia escuro, de nevoeiro baixo, marcado por uma chuva persistente e um vento constante.

Longe da redenção, o Santa Clara, lanterna vermelha do campeonato, começou o encontro com intenção de procurar uma luz ao fundo do túnel: a equipa açoriana apareceu com mais intensidade e disposta a assumir a iniciativa do jogo nos instantes iniciais.

Com o passar dos minutos, o último classificado do campeonato começou a pisar zonas mais dianteiras do terreno. Aos 19 minutos, após uma excelente combinação ofensiva, Allano furou pela defesa adversária, cruzou para Babi e o avançado atirou para uma defesa atenta de Buntic.

Seis minutos depois, outra vez a mesma dupla em destaque: desta vez, Babi chegou mesmo a introduzir a bola no fundo das redes para gáudio dos adeptos, mas o golo acabou por ser anulado pelo videoárbitro por fora-de-jogo. Um balde de água fria numa equipa com notórios défices anímicos.

Um revés psicológico que iria ter consequências. Aos 31 minutos, falha clamorosa de Ygor Nogueira: o central perdeu a bola para Osmajic que correu isolado direção à baliza contrária para bater Gabriel Batista. Um erro infantil defensivo aproveitado pela perspicácia de Osmajic. Estava feito o 1-0. O Vizela em vantagem contra a corrente do jogo.

O golo mudou a feição do encontro: os açorianos ressentiram-se e o Vizela passou a dominar a posse de bola, gerindo a partida até ao intervalo.

Na segunda parte, o jogo desenrolou-se equilibrado. O Santa Clara procurou assumir o controlo da bola e instalar-se no meio campo contrário, mas o Vizela não cedeu na organização defensiva e procurou manter o jogo longe da sua baliza.

No segundo tempo, contudo, o ritmo do jogo baixou. O Vizela parecia confortável na gestão da partida e o Santa Clara parecia não ter argumentos para criar oportunidades de golo.

O jogo ficou ‘mastigado’ a meio do terreno durante grande parte do segundo tempo. Com o passar dos minutos, o Santa Clara ficou cada vez mais ansioso, numa mistura de desgaste físico com emocional. Uma partida equilibrada que só beneficiava o Vizela.

Na reta final, os açorianos, mais com o coração do que com a razão, procuram forçar o golo. Aos 79 minutos aconteceu o lance mais perigoso do segundo tempo. Cruzamento de Nanu e Gabriel Silva, livre de marcação na área, atirou a centímetros da baliza. O desespero açoriano ficou evidente a cinco minutos do final, quando Paulo Henrique levou o segundo amarelo e respetivo vermelho, abandonando o campo resignado e acabado. Lei de Murphy nos Açores e a segunda Liga cada vez mais perto, numa tarde com história para o Vizela, que conseguiu pela primeira vez três vitórias seguidas no principal campeonato.