O momento: magia de Sebá
Ainda se afinavam as gargantas no António Coimbra da Mota, para aquele que se queria como o primeiro dia do resto da temporada canarinha, quando o brasileiro levantou o estádio num autêntico golpe de antologia. Balboa desmarcou Kléber na direita e promoveu uma verdadeira inversão de papéis no ataque da equipa da Linha. Foi a referência ofensiva estorilista que caiu na faixa, levantou a cabeça e cruzou para a área onde Sebá, sem deixar cair, fuzilou Adriano Facchini num remate em moinho. Um pontapé de raiva permitiu à equipa da Linha sair na frente.
 
A figura: Sebá
O momento que protagonizou, logo no prólogo do encontro, vale, por si só, a distinção para o quadro de honra da tarde. Mas, registe-se, o brasileiro não se ficou por aqui. Partindo da esquerda, Sebá vestiu a capa de ponto de fuga da equipa rumo ao meio campo adversário, ultrapassando, vezes sem conta, o adversário direto sem argumentos perante o poder de explosão do canhoto do Estoril. Ofereceu um golo cantado a Balboa, ainda na primeira parte, mas o companheiro que ocupou o lado oposto faltou à chamada. Caiu de produção, à imagem da equipa, na segunda metade.

O positivo: apareceu o Gil
Após uma primeira parte difícil, a formação orientada por José Mota ressurgiu no relvado com outra disposição. Viu de mais perto a baliza adversária e teve um punhado de oportunidades para marcar. Acabou por restabelecer a igualdade num desses momentos e justificou-o plenamente. A segunda parte do Gil não tem qualquer ponto de contacto com o que se viu anteriormente. Mérito dos jogadores, obviamente, mas tem a mão de José Mota ao intervalo.
 
  O negativo: perdas de memória
Houve momentos em que se voltou a ver bom futebol na Amoreira. Jogadas com princípio, meio e fim, sendo o golo patrocinado por Sebá o expoente máximo que sustenta esta tese. No entanto, durante largos minutos, o jogo não teve dono. Jogou-se imenso longe das balizas, contando-se, pelos dedos, as oportunidades de golo reais que se construíram durante a primeira parte. Situação que terá, seguramente, ligação direta com o momento vivido pelas duas equipas na tabela classificativa.
 

Outros destaques
 
Kléber
O avançado brasileiro não meteu a bola na baliza, mas a sua prestação está indissociavelmente ligada ao triunfo canarinho. É ele que abre a autoestrada na direita e que assiste Sebá no primeiro grande momento do jogo, movimento que repetiu até à exaustão procurando fugir à vigilância apertada de que era alvo por parte dos dois centrais gilistas. Teve oportunidade para vestir a pele de herói em cima do apito final, mas Adriano negou-lhe a subida ao Olimpo.  
 
 
Rúben Ribeiro
O médio que o Gil Vicente resgatou ao Paços de Ferreira trata a bola como poucos. Tem classe e isso é visível em cada jogada em que assume a condução do jogo. A sua maior influência no jogo está diretamente ligada ao crescimento dos galos. Jogou e fez a equipa jogar, procurando, constantemente, espaços menos habitáveis para oferecer linhas de passe seguras aos companheiros. Cresceu com a equipa, mas a equipa também cresceu muito com ele.
 
Adriano Facchini
Mais de metade do ponto conquistado pelo Gil Vicente na Amoreira tem quota-parte de Adriano Facchini. O brasileiro não esteve constantemente debaixo dos holofotes, mas tem duas intervenções absolutamente determinantes para o desfecho final. No início da segunda parte nega um golo cantado a Balboa e, em cima do minuto 90, fez um verdadeiro milagre ao fechar a baliza perante Kléber. Voltou a confirmar que é um dos melhores guarda-redes da Liga.