Os anos 10 tiveram muitos jogos que ficarão na história do futebol português. Tiveram golos marcantes. Éder, sobre todos. E também Kelvin, claro. Mas houve mais, numa década que viu passar grandes avançados pela Liga. Oportunidade para recordar golos para a eternidade, momentos decisivos e também alguns dos melhores jogadores que a Liga viu nestes anos. Além daquela noite de génio de Cristiano Ronaldo em Solna, ele que está numa categoria à parte.  

Hulk, Benfica-FC Porto, 1-2

3 abril 2011, 25ª jornada da Liga

Minuto 25 do jogo que podia dar o título ao FC Porto em pleno Estádio da Luz, a seis jornadas do fim. O dragão ganhou vantagem logo aos três minutos, golo de Guarín e frango de Roberto, Saviola empatou de penálti e a seguir foi o FC Porto a beneficiar de uma grande penalidade. Hulk não falhou e deu aos dragões aquela que seria a vantagem decisiva para garantir a festa. A celebração de um FC Porto que foi muito superior em todo o campeonato e tinha ganho 5-0 ao Benfica na primeira volta fica como uma das imagens bizarras para a iconografia do futebol português. A iluminação do estádio foi apagada e a festa fez-se às escuras, nas barbas do rival.

Falcao, FC Porto-Sp. Braga, 1-0

18 maio 2011, final Liga Europa

A final portuguesa da Liga Europa decidiu-se perto do intervalo, no golo solitário de um grande avançado. O jogo levava 44 minutos, Guarín subiu pela direita e colocou a bola na área, onde Falcao apareceu de trás, para se elevar e cabecear certeiro. O colombiano inscrevia a ouro o seu nome na história do futebol português, numa época dourada do FC Porto, com a conquista tripla da Liga Europa, do campeonato e da Taça de Portugal.

Marinho, Sporting-Académica, 0-1

20 maio 2012, final Taça Portugal

O futebol português continua macrocéfalo, mas a Taça de Portugal ainda escreve algumas narrativas alternativas. A 20 de maio de 2012, no Jamor, o mergulho de Marinho, logo aos quatro minutos da final com o Sporting, garantiu o título à Académica, 73 anos depois da conquista inaugural da Briosa, numa década que viu também V. Guimarães e Sp. Braga levantarem a Taça, e o Desp. Aves conquistá-la pela primeira vez.

Kelvin, FC Porto-Benfica, 2-1

11 maio 2013, 29ª jornada da Liga

O minuto 92, que foi aliás 91, selou de forma incrível a dupla reviravolta que deu o tri ao FC Porto e ajoelhou Jorge Jesus no Dragão. Penúltima jornada da Liga, duelo direto na luta pelo título, o FC Porto a correr atrás e a passar para a frente, no golo do suplente que Vítor Pereira lançou no fim, a passe de outro jogador acabado de sair do banco, Liedson. A história perfeita em azul e branco, um pesadelo em vermelho.

Cristiano Ronaldo, Suécia-Portugal, 2-3

19 novembro 2013, segunda mão do play-off para o Mundial 2014

Está a um golo dos 100 com a camisola de Portugal, uma carreira absolutamente sem par, com tantos momentos marcantes. Mas talvez um dos que melhor defina Ronaldo e a sua influência na seleção seja aquele play-off com a Suécia para o Mundial 2014. Marcou o 1-0 na Luz e na segunda mão, em Solna, a 19 de novembro de 2013, completou a obra-prima. Hat-trick, três golos na segunda parte a lançar Portugal, a responder ao bis de rajada de Ibrahimovic e a finalizar com um golo que tem Ronaldo no melhor: primeiro um grande passe de Moutinho, depois domínio, passada, controlo, drible e poder de remate.

André Gomes, Benfica-FC Porto, 3-1

16 abril 2014, segunda mão da meia-final da Taça de Portugal

Minuto 80 na Luz e é com um pormenor de pura classe que André Gomes consuma a reviravolta na eliminatória. Era a segunda vitória do Benfica sobre o FC Porto em poucos meses – em janeiro tinha vencido para o campeonato, num jogo de ambiente especial na Luz poucos dias depois do adeus a Eusébio -, e sela a mudança de paradigma, com o assumir de um período de supremacia nas águias. Seria também o triunfo decisivo para o Benfica garantir nessa época 2013/14 uma inédita tripla de competições nacionais, vencendo Liga, Taça de Portugal e Taça da Liga.

Fredy Montero, Sporting-Sp. Braga, 2-2 (3-1 gp)

31 maio 2015, final da Taça de Portugal

84 minutos de jogo no Jamor e o Sp. Braga de Sérgio Conceição vencia por 2-0 um Sporting reduzido a 10 desde o quarto de hora, por expulsão de Cedric. Até que Slimani reduziu e, já nos descontos, Fredy Montero apareceu a aproveitar um cruzamento longo para a área e forçar o prolongamento. A reviravolta, já com muita gente a abandonar as bancadas do Jamor, ficou consumada nos penáltis. Era o primeiro troféu da década para o Sporting.

Mitroglou, Sporting-Benfica, 0-1

5 de março de 2016, 25ª jornada da Liga

Com Jorge Jesus no banco, o Sporting investiu e cresceu. Começou a temporada a vencer o Benfica na Supertaça, ainda ganhou na Luz para a primeira volta por 3-0 e eliminou as águias na Taça de Portugal. Seguiu na frente da Liga até ao início de março, mas tudo mudou com o dérbi de Alvalade. O golo solitário de Mitroglou, aos 21 minutos, deu a vitória ao Benfica e virou a Liga. Que seria disputada até ao fim, mas terminou com o tri das águias.

Eder, Portugal-França, 1-0 ap

10 de julho de 2016, final do Euro 2016

Minuto 109 no Stade de France. Moutinho passa, Eder recebe, Eder aguenta, Eder avança, Eder chuta dali… GOOOOLLLLOOO! O momento eterno, perfeito como nos filmes depois de uma final que teve de tudo, incluindo a lesão do capitão Cristiano Ronaldo. A dez minutos do fim do prolongamento, o herói improvável a marcar o maior golo da história do futebol português.

Jonas, Benfica-Nacional, 10-0

10 de fevereiro de 2019, 21ª jornada da Liga

A maior goleada da história da Liga em mais de 50 anos, na caminhada para a auto-intitulada «reconquista» do título nacional pelo Benfica, é um marco para um campeonato que vê acentuar-se a tendência de desequilíbrio entre os mais fortes e os outros. Um jogo de sentido único, selado com a classe de um dos grandes goleadores que o futebol português viu nestes anos, na última época da carreira. Jonas saiu do banco aos 73 minutos, ainda a tempo de bisar e fechar as contas da goleada.