O presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), considerou que o cancelamento do pagamento dos salários dos jogadores por parte dos clubes é um cenário que ainda não pode ser equacionado.

«Os clubes portugueses ainda não têm razões para dizer que não podem pagar salários», disse Joaquim Evangelista, em declarações à agência Lusa.

O presidente do Sindicato assumiu, no entanto, que este cenário poderá colocar-se caso a atual situação «se mantenha por mais dois meses». Por isso, lembrou que os clubes que estiverem em dificuldades e cumpram todos os requisitos poderão recorrer aos apoios anunciados recentemente pelo Governo.

«Há medidas de apoio, os clubes podem recorrer às mesmas», frisou.

Joaquim Evangelista lamentou ainda a existência de clubes incumpridores que estejam a usar a pandemia como pretexto para as dificuldades no pagamento de salários. «O comportamento do Desportivo do Aves ofende os portugueses, querem aproveitar-se de situações que nada têm a ver com o problema real.»

O dirigente sindical também não se mostrou, para já, favorável a uma eventual redução de salários numa altura em que as competições estão paradas. «Os jogadores são trabalhadores como todos nós. Ninguém está disposto a prescindir dos seus direito», apontou.

Recorde-se que a Federação Portuguesa de Futebol criou recentemente um fundo de emergência para as competições não profissionais e que a Liga de clubes e o Sindicato criaram um grupo de trabalho para responder a clubes com mais dificuldades. Lembrou ainda que o sindicato tem um fundo de garantia salarial e apelou a que os jogadores que possam estar a atravessar situações delicadas entrem em contacto com a estrutura sindical.

Evangelista disse ainda que a ideia passa por atacar os problemas com uma estratégia global, uma vez que a Federação Internacional das Associações de Jogadores (FIFPro), vincou, tem procurado traçar um quadro uniformizado com as ligas europeias.

O presidente do SJPF fez votos para que a situação difícil que se vive atualmente ajude a mudar o futebol para melhor. «A próxima época terá de ser olhada de outra maneira, o futebol tem oportunidade de se ajustar à realidade económica e mudar de paradigma», referiu.