O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol alertou nesta quinta-feira para o facto de serem «ilegítimas medidas unilaterais que visem limitar direitos dos jogadores, nomeadamente privar ou reduzir a retribuição», algo que, por exemplo, já foi pedido num clube escocês.

Em comunicado, o SJPF mostra-se especialmente preocupado «com jogadores e clubes em situação de maior vulnerabilidade económica» devido à pandemia de Covid-19.

A entidade liderada por Joaquim Evangelista refere que «à semelhança do que acontece no plano internacional, [...] não aceita soluções unilaterais, limitadoras de direitos fundamentais, apelando à serenidade e ao bom senso» dentro do setor.

O comunidado do Sindicato de Jogadores:

Adiamento das competições internacionais e situação interna são motivo de reflexão.

1. Sobre o adiamento de competições internacionais

Face às recentes decisões tomadas pela UEFA, apoiadas pelos diferentes parceiros institucionais, entre os quais a FIFPro (sindicato mundial dos jogadores), o Sindicato dos Jogadores vem manifestar o seguinte:

- O Sindicato dos Jogadores está de acordo com a decisão da UEFA em cancelar a realização do Europeu, assim como da CONMEBOL relativamente à Copa América, defendendo em primeiro lugar a saúde dos jogadores e das suas famílias. Foi uma decisão acertada, corajosa e responsável, apoiada por todos os parceiros institucionais.

- Permanecemos, ainda, em constante articulação com a FIFPro Europa, cujo Board integramos, para definir as medidas que defendam os interesses dos jogadores e jogadoras. Nesta fase é muito importante que os jogadores sigam o plano de contingência e cumpram os planos de trabalho individuais que lhes forem prescritos pelos clubes.

- O Sindicato dos Jogadores apoia, ainda, a FIFPro em todas as ações que está a desenvolver junta da FIFA e da UEFA, a nível europeu, para proteger os jogadores e jogadoras nos países severamente afetados pela pandemia do coronavírus.

- O Sindicato dos Jogadores reforça a importância destes grupos de trabalho, onde possam ser debatidas as soluções para a crise provocada pelo Covid-19, protegendo acima de tudo a estabilidade das relações laborais e os direitos dos jogadores e jogadoras, enquanto trabalhadores. A FIFPro criou dois grupos de trabalho, um sobre os calendários e outro sobre os impactos económicos no setor onde participamos.

2. Sobre a situação interna

- O Sindicato dos Jogadores deixa claro que neste momento de suspensão das competições por causa de força maior se mantém o direito à retribuição dos jogadores, estando estes ao dispor das entidades patronais, disponíveis para cumprir as direções que forem prestadas, o que já acontece com a realização de planos de trabalho físico em casa.

- Mantendo-se este quadro de direitos e obrigações, são ilegítimas medidas unilaterais que visem limitar direitos dos jogadores, nomeadamente privar ou reduzir a retribuição, num setor que, embora afetado, tem vias de financiamento em aberto, por exemplo, como sucedeu com a antecipação de receitas provenientes de direitos televisivos.

- Dada a incerteza do momento, o Sindicato dos Jogadores mantém especial preocupação com jogadores e clubes em situação de maior vulnerabilidade económica, mantendo o foco na procura de soluções que salvaguardem os interesses e sustentabilidade do setor.

- À semelhança do que acontece no plano internacional, o Sindicato dos Jogadores não aceita soluções unilaterais, limitadoras de direitos fundamentais, apelando à serenidade e ao bom senso.

- O Sindicato dos Jogadores condena todos aqueles que, nestas circunstâncias, não hesitam em tirar benefício próprio, colocando em causa a integridade das competições e a credibilidade do futebol. Condena, também, todos aqueles que de modo pessoal exploram publicamente o medo e a insegurança dos agentes desportivos e não se inibem de propor soluções sem rigor técnico.

- O Sindicato dos Jogadores apela, por isso, à capacidade das organizações que tutelam o futebol em Portugal para criar um espaço de reflexão conjunta e consensualização de posições que neste momento se exige, evitando posições de conflito, desorientação e alarme.

- O Sindicato dos Jogadores entende que esta é a melhor estratégia, no sentido de se criar um clima de confiança e responsabilidade coletiva.

- Por fim, deixamos uma mensagem de solidariedade para com toda a população portuguesa e para os setores de atividade mais fustigados por esta crise, que coloca em causa a viabilidade de empresas e postos de trabalho, em particular um agradecimento aos profissionais de saúde que continuam a cuidar de nós.