«Fazer o que ainda não foi feito». O lema acompanha Abel há muito tempo, como o próprio assume, e reflete a ambição de «com menos recursos, fazer mais». O treinador do Sp. Braga não aponta diretamente ao título, mas assume a intenção de entrar na crónica luta a três, e acredita que a equipa está a evoluir nesse sentido.

«Já disse aos jogadores que o melhor de nós ainda está por chegar. O melhor deles ainda está por chegar. Somos uma equipa jovem, e precisamos de todos os jogos para amadurecer», refere o técnico, a propósito do jogo com o Benfica, adversário que está a apenas três pontos.

Abel defende que «muitas vezes o difícil não é ganhar, é ganhar constantemente». «O difícil é criar esta mentalidade, manter esta consistência para ganhar, seja com quem for. Só assim consegues crescer e chegar a outros patamares, mesmo com recursos diferentes», reforça.

Satisfeito com a campanha até aqui, o técnico diz que «a estrela é a equipa e o estatuto é o rendimento». «Parece que a equipa joga junta há muito tempo, mas não. Tivemos de construir uma ideia de jogo nova, cimentada em 14 ou 15 contratações. E agora temos de solidificar essa matriz, independentemente dos resultados. É nossa obrigação lutar até ao último segundo para vencer. É esse o nosso compromisso», afirma.

Ao falar das épocas em que o Sp. Braga intrometeu-se entre os «grandes», Abel falou da força necessária para atingir esse objetivo: «Se calhar as equipas que estão acima de nós estavam constipadas. Nós temos de estar cheios de saúde e esperar que essas equipas tenham uma gripe e deixem-se dormir…em condições normais sabemos que não é impossível, mas é um desafio grande e muito ambicioso. O homem é do tamanho do seu sonho.»

Ainda pegando no lema de "fazer o que ainda não foi feito", o treinador bracarense usa o exemplo de Rui Vitória, a quem deixou rasgados elogios, para destacar transferências recentes.

«Há coisas que foram feitas e que não tinham sido feitas. Eu não gosto de falar, mas às vezes vocês [jornalistas] não escrevem e eu tenho de dizer. Nisso o Rui Vitória é top. Vendeu jogadores por fortunas e não disse nada. Fomos buscar o Xeka à Covilhã, a custo zero, e vendemos por cinco milhões. Fomos buscar o Bruno Jordão à U. Leiria, para a equipa B, e vendemos a meias com o Pedro Neto por vinte milhões e tal. Vendemos o Queirós, da formação, e aí o mérito não é só meu. É também do recrutamento, de quem o treinou antes de chegar a mim. Isso é fazer algo que não foi feito. E queremos continuar a fazer. Queremos manter esta harmonia com os adeptos, aumentar o número de adeptos. Queremos todos fazer mais e melhor. Isso é fazer algo que ainda não foi feito. Mas o grande desafio é, com menos recursos, tentar fazer mais», resume.