Adrien contra Talisca. O dérbi do próximo domingo coloca frente a frente duas conceções diferentes de jogo: o gosto pela bola de Marco Silva contra as acelerações constantes de Jesus. Acresce, a isto, uma formação diferente do meio campo, setor onde se luta pelo comando do jogo. Marco deve manter os habituais três elementos, enquanto Jesus tenderá a apostar em apenas dois homens. Isto vai colocar olhos nos olhos Adrien e Talisca, dois motores com grande chegada à área. Quem vai levar a melhor?
 
Adrien Silva: 18 jogos, três golos




A favor: o motor da equipa

Grande promessa nos escalões de formação do Sporting, Adrien só se afirma, verdadeiramente, como indiscutível dos leões na última temporada com Leonardo Jardim no banco. O agora treinador do Mónaco reconheceu no luso-francês qualidade de passe, especialmente na longa distância, apetite pelas redes contrárias e capacidade para temporizar o jogo da equipa. Chegou a ser testado como médio ofensivo, mas é mais próximo de William Carvalho que se sente bem, com o campo todo à sua frente. É agressivo na perda de bola e pressiona alto à procura de ganhar a bola em zonas subidas.


Contra: atração fatal pelo amarelo

Adrien é um médio completo, não muito exuberante do ponto de vista técnico, mas intenso nos dois momentos do jogo. Tão intenso que, por vezes, exagera na abordagem aos lances, fazendo dele um dos jogadores mais amarelados da Liga: 10 amarelos em 18 partidas. Junta-se, a isto, o fato do camisola 23 dos leões não ser um médio rápido, disfarçando essa limitação com uma eficaz ocupação dos espaços. Tem de ser mais assertivo nos momentos de aproximação à área, porque só por uma vez marcou de bola parada na Liga, na quinta jornada diante do Gil Vicente.
 
Talisca: 19 jogos, 10 golos




A favor: gazela com passada larga e golo nos pés

O brasileiro que Jorge Jesus descobriu no Bahia está a passar uma verdadeira metamorfose nas mãos do técnico encarnado que vê nele capacidades para ser um segundo médio de classe Mundial. Normalmente Jesus não se engana e a prova disso são os 10 golos festejados pelo jovem de 21 anos nos primeiros meses de futebol europeu. Destaca-se pela passada larga e poder de aceleração, o que faz com vá deixando adversários para trás, e pelo acerto na meia distância. Apresenta um reportório muito mais completo de recursos técnico que o rival de análise com quem se vai cruzar por diversas vezes durante o dérbi.
 
 
Contra: falta olhar mais para trás

Talisca desceu alguns metros no terreno, mas trouxe consigo alguns dos vícios naturais de quem passa anos apenas preocupado com o processo ofensivo e com olhos na baliza adversária. Ainda não está suficientemente afinado no processo defensivo, cometendo alguns pecados na ocupação dos espaços, deixando completamente exposto o seu médio mais recuado. Tem vindo a melhorar do ponto de vista da agressividade na perda da bola, mas num jogo com as exigências do dérbi, e com menos um homem no meio campo, pode ver-se em apuros.