Francisco Geraldes deu, na quinta-feira, uma entrevista ao programa Obrigado Internet, onde abordou alguns assuntos mais sérios durante uma conversa leve, moderada pelo humorista Fernando Alvim.

O médio do Sporting falou sobre as expectativas defraudadas e aos 25 anos assume: «Eu deixei de ter grandes ambições. Deixei de esperar muito, porque muitas das minhas expectativas foram defraudadas. E nesse sentido acho que o que tiver de ser vai ser, um determinismo um bocado implícito na minha vida», disse Geraldes.

Visto como uma das pérolas da formação leonina, mas tardando-se em afirmar, o jogador falou ainda sobre a polémica em torno do livro que leu no banco de suplentes, na primeira época de Jorge Jesus:

«Estávamos na fase pré-jogo onde cada um faz o que entende. Eu estava a continuar a ler o livro que tinha: o Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago. Muitos conspiradores entenderam aquilo como uma indireta ao treinador… Era só um livro», salientou o médio, que continuou ao afirmar que também ele foi jovem e idolatrou jogadores, mas que não vê porque estes não possam ser considerados pessoas normais.

«Os jogadores são pessoas normais, andam de metro, leem livros, ouvem música. Não vejo nada de errado nisso», desmistificou.

Sobre os sonhos que moveram a sua carreira, Geraldes apontou «a chegada à seleção nacional e a conquista da Liga dos Campeões» como principais objetivos.

Francisco lançou ainda o repto aos clubes e salientou que dada a pequena percentagem de jogadores que consegue profissionalizar-se, devia haver mais acompanhamento para a conceção de um plano B nas carreiras.

«Na academia tínhamos muitos treinadores que nos incentivavam a estudar, diziam que só uma pequena percentagem chegaria à equipa principal. Mas acho que devia haver mais acompanhamento psicológico nos clubes. Apesar de já haver, não acho que seja suficiente» salientou o médio formado em Alcochete.

Sobre o período de quarentena, Geraldes diz ter aprendido a lidar com o stress por não poder sair de casa, e que agora já em fase de treinos, assinou um contrato «que apenas permite aos jogadores irem de casa para a academia, e vice-versa.»

Para o futuro, fica o sonho em ser treinador… ou escritor, caso as suas qualidades o permitam.