O clima de guerrilha instalado no futebol está a causar danos ao futebol português. Foi pelo menos isso que defendeu Emanuel Medeiros, antigo diretor da Associação das Ligas Europeias de Futebol Profissional e atual CEO do Centro Internacional para a Segurança e Desporto (ICSS).

Convidado a integrar o painel que fechou a conferência internacional «The Future of Football», organizada pelo Sporting no Estádio José Alvalade, Emanuel Medeiros fez um apelo à pacificação do futebol português, numa altura em que o país alberga o campeão europeu de seleções.

«Se queremos primar pela excelência, o primeiro e fundamental ingrediente é a reputação. A discussão que se trava tem impacto lá fora», começou por dizer, insistindo depois que a discórdia existente no futebol português poderá ter consequências nefastas e que irão refletir-se na debandada de patrocinadores.

Para Emanuel Medeiros, Portugal está até a ficar para trás em relação aos campeonatos europeus com pesos idênticos. «Os problemas não se resolvem a trabalhar de forma isolada, de forma estanque. A letargia, a falta de visão reformista, a falta de diálogo e a inveja continuam a impedir que muitos progressos sejam feitos», apontou.

O CEO do ICSS lançou para cima da mesa outros temas que devem ser tidos em conta, tais como as necessidades de uma maior regulação no negócio das apostas, de transparência no mercado de transferências e a imperiosidade de um investimento na integridade das competições. «Temos capacidade para sermos agentes da mudança que proclamamos? Sim. Então do que estamos à espera?», rematou.

No mesmo painel foram ainda abordados os desafios que o futebol terá de enfrentar daqui para a frente e a adaptação a que o desporto-rei terá de sujeitar-se. Desde o sistema de vídeo-árbitro, já confirmado por Gianni Infantino para o Mundial 2018, e os novos desafios do futebol como negócio que tem implicações sociais e políticas.