Bellerín desbloqueou o marcador antes do intervalo e Francisco Trincão levantou as bancadas a abrir a segunda parte. Foi assim que o Sporting bateu um Estoril convalescente, órfão de Nélson Veríssimo, que veio a Alvalade para segurar o nulo enquanto pôde, mas sem ferramentas para depois reagir à desvantagem. A equipa de Amorim ganha, assim, pontos ao FC Porto e pode ainda tirar dividendos do dérbi do Minho.

Confira a FICHA DO JOGO

A disposição do Estoril, percetível logo nos instantes iniciais a partida, deixava antever um jogo difícil para o Sporting. Em convalescença, os canarinhos reagruparam-se numa curta faixa de poucos metros, junto à área de Dani Figueira, cederam meio-campo ao Sporting, determinados em bloquear todos os acessos à sua baliza.

O Sporting aceitou o convite e subiu também em bloco, alargando o jogo ao máximo para as alas, procurando criar fissuras no muro amarelo, com Bellerín e Nuno Santos bem colados à linha. Nesta conjuntura, era St. Juste, sobre a direita, e Matheus Reis, no lado contrário, que transportavam a bola para a tal concentração de jogadores, mas depois não havia espaço para acelerar, nem para combinações entrelinhas.

Os leões bem procuraram empurrar os canarinhos e, só nos primeiros dez minutos, conquistaram cinco pontapés de canto [sete até ao intervalo], mas depois havia demasiada gente no corredor central, onde Francisco Geraldes se juntava a João Gamboa e João Carvalho. Edwards, numa nesga, ainda conseguiu espaço, para cruzar para Paulinho cabecear para uma grande defesa de Dani Figueira.

A forma como o Estoril se fechava, dificultava também a resposta para o ataque, uma vez que, quando ganhava a bola, tinham praticamente toda a equipa do Sporting em cima. A equipa de Pedro Guerreiro raramente optou pelo pontapé longo, procurou sair a jogar, mas permitia muitas recuperações aos leões, com Morita em particular destaque neste capítulo.

Ruben Amorim desesperava junto à linha, ao ver a sua equipa amarrada, e não se cansou de dar indicações para dentro do terreno. A verdade é que o leão se foi adaptando, procurando mais as alas, com Bellerín e Edwards de um lado, Nuno Santos e Trincão do outro, mas agora com os laterais a entrarem mais por dentro e os extremos por fora.

Foi já com esta mudança que o avançado inglês levantou as bancadas, com um remate em arco que passou a rasar o segundo poste. Houve quem tivesse gritado golo, mas foi oura ilusão ótica. A verdade é que os leões encontraram uma falha na estratégia do Estoril e acabaram por chegar ao golo, já perto do intervalo, lá está, com Bellerín no interior da área, a ganhar um ressalto e a bater Dani Figueira, com um remate colocado. Foi o primeiro golo do lateral espanhol no Sporting, aliás, foi o primeiro do defesa em quase dois anos. Um golo providencial, numa altura crucial do jogo, a permitir aos leões irem para o balneário em vantagem e a obrigarem o adversário a repensar a estratégia.

Atenção que Trincão está inspirado

A segunda parte começou com um jogo mais aberto, como se antevia, com o Estoril a abrir as suas linhas, com Francisco Geraldes a prourar estabelecer uma ligação com o ataque. Surpreendentemente, o ex-Sporting acabou por sair, pouco depois, para dar lugar a Léa Siliki, mas o desenho de Pedro Guerreiro manteve-se praticamente inalterado.

Em dois tempos, o Sporting voltou a encostar o Estoril às cordas, mas agora de forma forçada, com uma boa rotação da bola e com mais espaços para jogar entrelinhas.

Foi isso mesmo que Trincão percebeu quando recebeu uma bola na quina da área. O Ex-Barcelona pegou na bola e desenhou uma diagonal, deixando Tiago Gouveia pelo caminho, João Gamboa tirou o pé e o avançado, com um movimento de ombros, deixou ainda Mexer fora do lance, antes de bater Dani Figueira. Um grande golo que levantou as bancadas. Foi para isto que o Sporting foi buscar Trincão quando perdeu Pablo Sarabia.

Um jogo que tranquilizou Ruben Amorim, que até se sentou momentaneamente no banco, e também a equipa, agora bem mais solta, mas sempre à procura de um terceiro golo, diante de um adversário macio que teimava em sair a jogar de pé para pé.

Até ao final do jogo registou-se um festival de oportunidades perdidas pelos leões, enquanto Amorim foi refrescando a equipa, sem mudar os pressupostos iniciais. St. Juste, Trincão e Chermiti, por duas vezes, ameaçaram o 3-0. O jogo ainda abriu-se mais nos instantes finais e o Estoril também teve uma oportunidade para reduzir a diferença, com Tiago Araújo a acertar no poste.  

O Sporting soma, assim, a terceira vitória consecutiva, enquanto o Estoril, com o sétimo jogo consecutivo a sofrer golos e ainda sem conseguir marcar fora em 2023, continua a afundar-se na classificação.