A festa da Taça de Portugal foi até São Torcato, a equipa da vila vimaranense teve espaço para sonhar, mas não consegui uma surpresa diante do Marítimo. A passagem do Marítimo à próxima eliminatória em muito se deve ao golo apontado por Everton em cima do intervalo, numa altura em que o Torcatense se galvanizava com iniciativas ofensivas interessantes.

A equipa da Liga tentou impor-se com naturalidade, até começou melhor, com domínio territorial, mas sem um ascendente significativo ou, sobretudo, perigoso. Teve apenas alguns testes à atenção de João Nuno, guarda-redes da equipa de São Torcato, com especial destaque para a passagem da meia hora, quando Éber Bessa atirou no interior da área à queima-roupa depois de uma boa incursão de Fábio China pela esquerda.

Seguiu-se um período interessante do conjunto do terceiro escalão do futebol português. A jogar pela primeira vez frente a uma equipa da Liga, o Torcatense empolgou-se e Amir teve de se aplicar. Pedro Rui esteve isolado, mas atirou contra o corpo do guarda-redes da equipa insular, empolgando a pequena bancada e os muros adjacentes que conferiram ao jogo a maior enchente de sempre do Campo do Arnado.

Um pouco contra a corrente do jogo, o Marítimo chegou à vantagem a instantes do intervalo. Fábio China fez uma vez mais do corredor esquerdo um ponto de desequilíbrio, cruzando depois tenso para o coração da área. O lance parecia controlado pela defesa do Torcatense, que acabou por ser lesta a resolver, sobrando o esférico para Everton fuzilar. Estreia a marcar com a camisola do Marítimo.

Depois do período de descanso, e apesar de ter levado um soco no estômago, permitindo que o Marítimo conseguisse aquilo que previsivelmente era o mais difícil, marcar o primeiro, o Torcatense não se encolheu e manteve o pé no acelerador. Aos sessenta minutos o central Agostinho, filho de Agostinho Oliveira, atirou com estrondo à trave do emblema insular.

Daniel Ramos teve noção da quebra do Marítimo, mostrou respeito pela Torcatense com as substituições operadas, susteve o ímpeto da equipa de São Torcato, que teve muita vontade mas nem sempre teve argumentos capazes de fazer a diferença.

Só houve espaço para o sonho. O Marítimo segue em frente na Taça de Portugal, mas limitou-se a ser pouco mais do que competente e até teve a sorte do seu lado, uma vez que chegou ao golo num lance algo embrulhado e viu o Torcatense atirar caprichosamente ao travessão naquele que foi o seu lance de maior perigo. De resto, as estatísticas atestam o quanto a equipa do Campeonato de Portugal vendeu cara a derrota. O Torcatense teve mais cantos e mais remates, e fica com a sensação de que merecia mais.

FICHA DE JOGO
TORCATENSE-MARÍTIMO, 0-1

Campo do Arnado (São Torcato - Guimarães)
Árbitro: Luís Ferreira (AF Baga)

TORCATENSE: João Nuno; Vieirinha I, Fábio Vieira, Agostinho e Pedro Campos; Xavi, Vitinha (Karama 82’) e Filipe Sousa; João Ribeiro, Pedro Rui e Garcia.

Suplentes do Torcatense: Parauta, Tiago Viera, Néné, Junior, Vieirinha II e Areias.

MARÍTIMO: Amir Zadeh; Cristiano Gomes, Brausio, Dinei e Fábio China; Fábio Pacheco e Erdem Sen; Éber Bessa (Ricardo Valente 90'), Ibson (Gildo 64’) e Everton (Jean Cléber 64’) Mendonça; Rodrigo Pinho.

Suplentes do Marítimo: Rafael Henrique, Hakan Machado, Fabrício, Roberto Machado.

Disciplina
Cartões amarelos: Drausio (59’), Fábio Pacheco (73’), Xavi (79’) e Erdem Sem (90+3’ e 90+3’).
Cartões vermelhos: Erdem Sem (90+3)

Golo: Everton (43’)