Adivinhava-se um jogo quente, no Funchal, entre duas equipas que chegavam à 16.ª jornada separadas apenas por um ponto, e que se viam embrulhadas em indefinição nos últimos dias. Tudo por culpa de um surto de covid-19 na equipa do Marítimo, que deixou seis jogadores de fora, e que provocou alguma celeuma entre os dois clubes, depois da recusa do Vizela para adiar o encontro. Estavam reunidos os condimentos para uma contenda picante, que acabou por não desiludir.

Dado o apito inicial nos Barreiros, com alguns registos de verdadeiro caldeirão, até foi o Vizela a entrar melhor, chegando a dar o primeiro sinal de perigo aos três minutos, com Bruno Wilson a cabecear na direção da trave. Do lado dos insulares, uma entrada condicionada por alguns lapsos de concentração, que aqui e ali se iam tornando mais evidentes, em especial no setor defensivo.

A resposta surgiu volvidos dois minutos, num livre cobrado por Victor Costa, que não passou longe do poste, e a partir daí o Marítimo foi crescendo e alimentando a posse de bola. A intensidade estava à flor da pele e a tensão começava a evidenciar-se. Pese o aparente fair-play inicial entre as duas equipas, a temperatura foi subindo à medida que o cronómetro avançava.

De tão quentinho, chegou mesmo a ser escaldante em certos momentos, com quezílias e trocas de palavras entre os dois bancos, algumas entradas mais duras no relvado, e o coro de assobios e calor das bancadas.

O jogo estava, por isso, entretido, e Joel deu provas disso, ao tentar concluir uma jogada perigosa, retida numa parada assertiva de Pedro Silva. Os verde-rubros estavam ainda por cima do jogo quando começou a prevalecer uma calma aparente. O Vizela conseguiu equilibrar um pouco mais a contenda, e o jogo chegou a estar algo amarrado no meio campo, perdendo alguma da chama inicial.

Até que, aos 41 minutos, o Vizela voltou a passar por apuros, com Joel e Victor Costa a comandarem o sufoco na grande área, numa sequência de lances de alguma confusão. Com a intensidade novamente a vir ao de cima, foi já depois dos 45 minutos, que Nuno Moreira viu o cartão vermelho direto, depois de ter acertado com uma cotovelada na cara de Cláudio Winck.

Álvaro Pacheco viu-se obrigado a mexer no xadrez vizelense para a segunda parte, mas apesar do ímpeto do reatamento, o Marítimo voltou a conseguir controlar o encontro, até que Alipour foi derrubado no interior da grande área de Pedro Silva. Chamado a converter o castigo máximo, Joel Tagueu colocou os madeirenses em vantagem.

Mesmo com menos uma unidade, os minhotos tentavam agigantar-se perante dos homens da casa, conseguindo ter mais posse e chegar até à grande nalgumas ocasiões. Mas quando a manta esticava, começava a faltar cobertura atrás e o Marítimo também não desistiu de se chegar à frente para tentar capitalizar.

Houve ameaça de Alipour, com um cabeceamento em cima dos 70 minutos, e no minuto seguinte, Rafik Guitane obrigou Pedro Silva a uma defesa apertada, com a bola a sobrar para a zona lateral. A insistência verde-rubra permitiu que Joel colocasse em sentido os vizelenses, e o médio francês materializou a recarga, ampliando a vantagem maritimista.

À medida que o jogo decorria, o Vizela tentava ainda aproximar-se da baliza de Paulo Victor, na tentativa de ainda mexer com o encontro, mas a luta contra o cronómetro era inglória e a motivação dissipava-se a cada jogada frustrada. Os homens de Álvaro Pacheco começavam a falhar cada vez mais passes e jogavam com cada vez menos objetividade.

Já com o jogo mais partido, os instantes finais pouco acrescentaram a um encontro que teve motivos de interesse, com momentos de futebol interessante e aguerrido, embora também com rasgos de agressividade por vezes mais prejudicial para o espetáculo. Com o apito final, o Marítimo regressou às vitórias depois da pesada derrota na Luz, diante do Benfica, por 7-1, ao passo que o Vizela não conseguiu vingar a derrota sofrida frente ao FC Porto, por 4-0.