As oito jornadas que faltam para terminar a Liga quando o Benfica é líder da classificação com sete pontos de vantagem sobre o Sporting e nove sobre o FC Porto fazem recuar 25 anos até se encontrar distâncias semelhantes entre comandante e perseguidor(es).

A semelhança com o Benfica mandão de 1988/89 foi assinalada na última edição da MF Total.

Vítor Paneira e Carlos Mozer são dois antigos jogadores do Benfica que jogaram essa época 1988/89 em que os encarnados confirmaram a conquista do título de campeão nacional. E contaram ao «Maisfutebol» como se disputa o resto do campeonato que os benfiquistas desejam ter. No título desta análise, por isso, já se juntou as linhas de força expressas por Mozer e Paneira – num reflexo da sua convergência.

O médio viu-se nesta situação logo no seu primeiro ano de Benfica; num Benfica que se sagraria bicampeão nacional sob o comando de Toni. A oito jornadas do fim, recorde-se, o Benfica tinha seis pontos de vantagem sobre o segundo classificado, que era o FC Porto (Boavista era 3º com menos 11 pontos e o Sporting era 4º com menos 13 pontos). Vítor Paneira não se esquece de ressalvar que, na altura, as vitórias valiam dois pontos e que agora um triunfo implica a conquista de três; por isso, há uma conjuntura a ter em conta.

Vantagem pode aumentar

Condicionantes definidas, Paneira conta aquilo que pode ser comum através das épocas. E uma vantagem pontual destas é sempre «um conforto». «É uma almofada» que os jogadores de então souberam aproveitar. «A partir de certa altura fomos gerindo [a vantagem]», recorda o médio dando como exemplo o que o atual plantel já deverá ter na cabeça. «Na jornada do Nacional-Benfica há também um Sporting-Porto», aponta Paneira referindo que «o Benfica pode dar ainda» um salto maior na tabela.

Mozer também não deixa escapar que a próxima jornada neste cenário de vantagem assinalável é já objeto de reflexão para quem está na linha da frente para a conquista de um campeonato. «A vantagem dá uma segurança muito grande» e «dá uma tranquilidade muito maior», conta o defesa explicando que a intenção do Benfica será a de ir «cimentando essa vantagem», que «até pode aumentar porque os dois concorrentes [Sporting e FC Porto] jogam entre si» na próxima ronda.

Ter nesta altura sete pontos de vantagem sobre o Sporting e nove sobre o FC Porto «é muito confortável», frisa Mozer «também porque a equipa está a fazer com que isso aconteça». «O que têm evidenciado é o que têm de manter, nos jogos, nos treinos, no dia a dia. A única coisa que os jogadores têm de fazer é o que sabem: jogar concentrados e com união.»

Pressão em quem vai atrás

O antigo defesa dos encarnados destaca também «a recuperação pontual do Benfica nesta época, pois o arranque foi desastroso». «O Benfica sentiu necessidade de mudar a filosofia» e «os jogadores aprenderam a defender em conjunto», analisa Mozer concluindo que «isso fez com que o Benfica conseguisse reduzir a distância, que não era pouca» e «faz com que a equipa se sinta mais sólida» e seja «uma equipa mais madura».

Mozer considera assim que «o Benfica atualmante não tem pressão». «Tem é de trabalhar como tem trabalhado, porque «o Sporting e o Porto é que estão com pressão pelo que se passa acima de si». Também Vítor Paneira considera que «nesta altura o Sporting estará mais pressionado porque qualquer mau resultado vai aumentar a distância» para o primeiro lugar. «Esta vantagem vai dar ao Benfica mais espaço», pois «tem algumas possibilidades de gerir de forma diferente esta época em relação ao ano passado» devido a «esta almofada» que já tem na Liga. «Nesta altura, o Benfica tem o campeonato na mão», justifica Paneira.

E acrescenta Mozer que «reconhecer a superioridade do Benfica desta época faz com que haja a tranquilidade que é necessário ter». «Eu vi os adversários mais diretos a dizerem que iam lutar pelo segundo lugar. Se eles reconhecem, se os adversários reconhecem, cabe ao Benfica gerir essa posição com tranquilidade», considera.