Som ao máximo na Luz, Cavalgada das Valquírias no aparelho sonoro desta equipa de Bruno Lage, a 37.ª a conquistar o título de campeonato nacional para o Benfica.

A desejada «Reconquista», slogan de uma época, foi confirmada com nova demonstração de poder. O ataque encarnado arrasou a concorrência e meteu o Benfica inteiro num só sítio: o Marquês de Pombal.

Se não reparou, foram números de recorde. Números a que só a geração de Eusébio tinha assistido no Benfica e isso é algo impossível de desvalorizar. Foram 103 golos no campeonato, quatro deles neste sábado que consagrou jogadores que em setembro estavam na equipa B e, agora, afirmam-se por direito próprio... campeões nacionais.

O 37 viu a Luz a passe de Samaris

Vamos ao jogo. A Luz pediu em uníssono o 37 mesmo antes do apito inicial e, quando parecia que o Benfica ia ter outro início desassossegado, Samaris viu a luz. Tinha o símbolo do Benfica no peito e o nome de Seferovic nas costas.

Após 15 minutos em que o Santa Clara ameaçou a festa, a assistência soberba do grego para Seferovic tirou toda a pressão ao Benfica e os rádios e as notificações do FC Porto-Sporting podiam desligar-se.

A águia nunca falhou no jogo decisivo quando esteve à frente, na última jornada, na história dos campeonatos. Neste sábado, percebeu-se ali, também não falharia e a festa começou logo com o primeiro remate dos lisboetas.

O volume das celebrações aumentou com o 2-0 de João Félix. No fundo, era o Benfica de Lage a ser o Benfica de Lage. Uma equipa que pode passar por um susto, mas que, no final de contas, é arrebatadora quando se chega à frente. César foi o único que ficou sentado na Luz com o segundo golo do encontro e quando Rafa finalizou uma magnífica saída de bola dos encarnados, o título ficou mais do que entregue. Jogava-se, apenas, para saber em quanto ficaria o capítulo final e como se vai da Luz ao Marquês no menor tempo possível.

O resultado ficou em 4-1, porque Seferovic bisou e César reduziu para os açorianos, sem festejar, pois tem passado encarnado. Depois, vieram novas emoções em corpos mais velhos. Jonas entrou em lágrimas e Samaris saiu em choro Até que o champanhe entrou pelo relvado mal soou o apito final, com Lage a abraçar o adjunto Veríssimo, Svilar e Krovinovic a deslizarem pelo relvado noutro abraço sentido e os restantes de punhos fechados.

Houve quem olhasse o céu, também, um céu que Jonas quase tocou, atirado ao ar pelos colegas. O brasileiro que foi também protagonista de um 37 que chegou após a saída de Rui Vitória, a entrada de Lage, uma recuperação histórica, com vitórias em terrenos difíceis como Braga, Dragão e Alvalade e com uma marca reconhecida: made in Seixal.

O 37 ficará na memória como o título dos meninos de Lage, também ele um produto do que o Benfica tem na margem sul do Tejo.