A Liga bateu recordes de mudanças de treinadores na época passada, discutiu-se o problema e a crescente precariedade dos treinadores, mas as coisas não mudaram na presente temporada. Aliás, o ritmo mantém-se, praticamente igual. Terminada a 10ª jornada da Liga foram cinco os clubes que já mudaram de treinador. Número igual ao do mesmo momento da época em 2016/17.

Há dois clubes aliás repetentes, que já trocaram esta época e também já tinham mudado de técnico por esta altura na época passada. São o Boavista e o Moreirense. O caso dos axadrezados é uma situação particular, porque a saída de Miguel Leal esta temporada foi iniciativa do treinador.

Desp. Aves, Estoril e Paços Ferreira são as outras equipas que já não têm o técnico que começou a época. O Paços venceu agora na estreia de Petit, o Desp. Aves ainda não venceu em dois jogos de Liga com Lito Vidigal e o Estoril perdeu, precisamente frente ao Paços, com Filipe Pedro no banco, uma solução de transição ainda sem treinador efetivo designado pelo clube.

O Boavista melhorou o registo com Jorge Simão, que em cinco jogos para a Liga ganhou 3, um deles frente ao Benfica logo na estreia do novo técnico, empatou um e perdeu outro, o dérbi da última ronda com o FC Porto. Nas primeiro cinco rondas o Boavista só tinha ganho um jogo. Quanto ao Moreirense, foi a última «chicotada» e Sérgio Vieira, o sucessor designado de Manuel Machado, ainda não se estreou.

O ritmo das chicotadas na Liga, tal como já era na época passada, é superior ao dos grandes campeonatos europeus. O mais próximo é Espanha, que já teve quatro mudanças de treinador: Villarreal, Alavés, Las Palmas e Deportivo Corunha.

Alemanha e Inglaterra já tiveram três «chicotadas» cada uma. Incluindo, na Bundesliga, a saída de Carlo Ancelotti do Bayern Munique, que promoveu o regresso ao tivo de Jupp Heynckes. Wolfsburgo e agora Werder Bremen foram os outros clubes que já mudaram.

Na Premier League mudaram o Crystal Palace, o Leicester e agora o Everton, que despediu Ronald Koeman e ainda não designou o sucessor, tendo David Unsworth como técnico provisório.

Itália, que em anos recentes era uma roda-viva de treinadores, está agora bem mais comedida. Apenas duas mudanças esta temporada, no Cagliari e agora no recém-promovido Benevento, que tem 11 derrotas em outras tantas jornadas. França está ainda mais estável: só caiu um treinador até agora, o técnico do «lanterna vermelha» Metz.

A estabilidade, ou a falta dela, nos bancos, não se mede apenas pela mudança a meio da época, mas também pelo tempo que um treinador fica num clube. E aí Portugal também não é tradicionalmente um exemplo de longevidade.

A Liga portuguesa só tem nesta altura dois treinadores que já vão em mais de duas épocas no mesmo clube. São Jorge Jesus, no Sporting, e Rui Vitória, no Benfica, ambos desde o verão de 2015.

De resto só há três treinadores que fizeram uma época completa e começaram a corrente temporada: são José Couceiro, Pedro Martins e Vítor Oliveira, que subiu da II Liga à Liga com o Portimonense. A estes podemos acrescentar o caso de Daniel Ramos, que chegou na temporada passada já com a época a decorrer e segue no Marítimo.

Radicalmente diferente em Inglaterra. Apesar de a estabilidade dos treinadores ter diminuído, a Premier League ainda é um caso à parte. Nove dos 20 treinadores têm duas ou mais épocas no clube e não é preciso ir ao caso extremo de Arséne Wenger, que leva 21 anos no Arsenal. Burnley e Bournemouth têm o mesmo treinador há mais de cinco anos, Mark Hughes vai na quinta temporada no Stoke City e Mauricio Pochettino na quarta época no Tottenham.

Em Espanha são quatro atualmente os treinadores que vão para lá da segunda temporada seguida no mesmo clube, mas entre os «grandes» o único caso é o de Diego Simeone, que vai na sexta temporada no At. Madrid. Os outros são os técnicos de Leganés, Girona e Eibar. Em Itália também quatro em 20 equipas passam atualmente a barreira das duas épocas, sendo Massimiliano Allegri o mais antigo, vai na quarta temporada na Juventus.

Curiosamente, o número é ainda menor na Bundesliga, que não passa uma ideia de instabilidade, mas o facto é que tem uma esmagadora maioria de treinadores com menos de uma época no clube. E apenas três com mais de duas. São Christian Strelch, que vai na sexta temporada no Friburgo, Peter Stoger, na quinta no Colónia, e Pal Dardal, na terceira no Hertha Berlim.

França volta aqui a ser um exemplo mais estável. Há cinco técnicos com mais de duas temporadas no clube e um deles é o português Leonardo Jardim, que vai na quarta época no Mónaco.