Um mar de gente, dezenas de milhares de adeptos, celebraram com a equipa do Benfica a conquista do tricampeonato encarnado na Praça do Marquês de Pombal, em Lisboa, epicentro da festa.

O apito final do árbitro no Estádio da Luz foi quase uma ordem. Hora de levantar da cadeira ou do sofá, vestir-se a rigor e sair rumo à festa.

A pé, de carro ou de transportes públicos, homens e mulheres, velhos e novos, os adeptos encarnados acorreram em massa ao centro da capital, a tal ponto que conseguiram «entupir» momentaneamente o já condicionado metropolitano.

Depois, novas filas. Os adeptos passaram por um processo moroso de revistas e por cortes de trânsito na zona e esperaram várias horas pela comitiva do Benfica. O som estridente do sistema sonoro e das músicas que dele ecoavam foram a salvação para o frio que trouxe a noite que entretanto se abatera.

A conta gotas, os adeptos foram entrando no recinto e aproximando-se do palco gigante montado aos pés do Parque Eduardo XVII. Desta vez o leão do marquês teve uma noite tranquila, sem sobressaltos, graças aos tapumes altos que lhe negaram companhia.

Lá em baixo, por isso, valia tudo no intuito de arranjar um lugar para ver de perto os tricampeões nacionais.

Alguns adeptos subiram aos sinais de trânsito para ter vista privilegiada sobre o palco

O jogo acabara por volta das 19 horas, mas só quase três horas depois surgiram as primeiras notícias sobre a equipa. O autocarro dirigia-se para o Marquês e os milhares de adeptos que se aproximavam foram forçados a acelerar o passo, algo bem visível mesmo de longe.

Era impossível destrinçar um palmo que fosse da calçada, tamanha era a onda vermelha que se aproximava do recinto.

Revista da PSP não impediu a entrada de alguns objetos pirotécnicos no recinto

Mesmo com tochas e petardos que se faziam ver e ouvir, a festa prosseguiu e as tantas horas de espera foram recompensadas com a chegada apoteótica do autocarro da equipa, passava já pouco das 22 horas.

A festa foi organizada, mais do que as últimas celebrações, com os jogadores a subirem a um palanque, onde mostraram a taça, saudaram os adeptos, dançaram e cantaram.

Renato Sanches, a grande revelação da época encarnada, foi o grande animador da noite, veja aqui como.

Depois de alguns cânticos mais ruidosos, Luís Filipe Vieira tomou a palavra para um discurso breve: «O Benfica é isto. Concretizámos este sonho, estamos todos felizes. Quero dizer-lhes muito obrigado, a vitória é de todos nós. Viva o Benfica.»

Os jogadores dirigiram-se depois para mais próximo dos adeptos com a taça, antes de voltarem ao palco. A noite terminou com o hino do Benfica, entoado em coro, de cachecóis ao alto, pela imensa multidão, e fogo de artifício.

No exterior do recinto a festa teimava em continuar, e muitos tiraram proveito do menor controlo das autoridades para levar a cabo uns festejos menos contidos, por assim dizer. Mas sem problemas de maior.

O regresso a casa foi também ele um prolongamento da festa, com os adeptos a fazerem-se ouvir metro afora.

Saída a saída os gritos foram ficando, contudo, mais fracos. Até que, por fim, o silêncio imperou.

Fica para a história um festejo raro, inédito até para alguns adeptos do Benfica. Aquele que, a certa altura da época, parecia longe, tornou-se afinal «o mais saboroso» segundo a maioria dos adeptos, que olha já para a próxima época com otimismo e lá vai gritando: «Benfica, dá-me o 36!».

O futebol é isto…

Recorde aqui a festa e tudo sobre o tricampeonato do Benfica