A FIGURA: Zé Manuel

O avançado axadrezado não é um homem-golo, mas não é por isso que deixa de marcar e sobretudo de lutar a cada lance. Zé Manuel é um lutador e é essa característica que justifica o lugar como referência ofensiva a um jogador que não é fisicamente poderoso. É pela sua abnegação e entrega a cada lance que o avançado do Boavista se destaca. O paradigma disso mesmo é o lance do golo que inaugurou o marcador. Demérito de Gudiño, por não aliviar o atraso, mas também mérito de Zé Manuel, que acreditou e estava lá para forçar o erro e desviar para o golo. Zé Manuel «inclinou o tabuleiro» do marcador nesse lance, mas esteve incansável ao longo de quase toda a partida e logo no primeiro lance da segunda parte, quase resolvia a partida ao encher o pé e rematar cruzado com a bola a passar bem perto do poste.  

O MOMENTO: Minuto 36’. Erro capital

Apesar de uma decisiva defesa de Mika, já nos descontos, não há como escapar ao erro capital de Raul Gudiño. Foi por aqui que se começou a decidir o resultado no Bessa. Era um simples atraso de bola e tudo o que o guarda-redes mexicano do União tinha a fazer era aliviar. Hesitou e quando tentou sacudir a bola já tinha à sua frente Zé Manuel, que não dá um lance por perdido, pronto para pressionar no momento certo e fazer o golo. Um erro inacreditável que não só decidiu a partida como pode ser determinante nas contas da descida.

OUTROS DESTAQUES:

Mika

Tal como Zé Manuel, também podia ser a grande figura do jogo. Os adeptos na bancada gritaram o seu nome e o guarda-redes bem mereceu. Mika esteve quase sempre bem e teve três ou quatro intervenções que evitaram o empate. Na mais flagrante das ocasiões, já nos descontos, parou um remate na área Edder Farías, que apareceu isolado na sua cara. Foi a melhor forma de culminar de uma exibição de luxo.

Tahar

Chegou em janeiro e ganhou a titularidade nos últimos oito jogos. Nada disso é por acaso. O médio inglês de origem argelina emprestado pelo Steaua de Bucareste trouxe qualidade ao jogo axadrezado. Não só destrói, mas tem critério de passe e isso dá ao meio-campo maior capacidade de construção e de sair a jogar. Tahar tem 25 anos e tudo para ficar em Portugal. Voltará à Roménia se algum clube nacional andar distraído.

Vinícius

O experiente defesa-central brasileiro é um dos esteios da defensiva axadrezada e também da manutenção do Boavista na Liga. Cabem-lhe boa parte dos méritos pela segurança no setor mais recuado que a equipa tem apresentado. Hoje, esteve de novo quase sempre irrepreensível.

Paulinho

No papel, ele é lateral, mas quando a equipa precisou de correr atrás do prejuízo fez até de extremo, com as suas incursões pela direita. Numa delas, aos 70’,  quase construiu sozinho o golo do empate dos madeirenses: chegou bem na frente, driblou, deixou os adversários para trás e na hora do remate atirou para as malhas laterais.

Élio Martins

Foi determinante na última jornada, ao bisar frente à Académica num jogo importante na luta pela manutenção, e hoje tentou vestir a pele de salvador. Sem grande sucesso. Mas a verdade é que foi dos unionistas que mais perigo levou à baliza de Mika. Exemplo disso mesmo é o lance aos 80’, em que remata de primeira à meia-volta na área. Valeu o guarda-redes boavisteiro para evitar o empate.