Figura: Vinícius

Não fez cerimónia nem precisou de muitos toques para fazer estragos, ou seja, dois golos. É verdade que Vinícius não esteve muito em jogo, em virtude da marcação cerrada de Pepe e Marcano, mas nem precisou. À primeira oportunidade, silenciou o Dragão: fugiu a Pepe e encostou à boca da baliza. Após mais de meia hora escondido do encontro, Vinícius rodou sobre si próprio e atirou cruzado para o 3-2. Depois de César Brito (1990/91), Nuno Gomes (2005/06) e Lima (2014/15), Vinícius tornou-se no quarto jogador do Benfica a bisar em casa do arquirrival.



Momento: jogada clássica e simples: passe longo de Ruben Dias para Rafa e a conclusão de Vinícius, minuto 50

Após um duro golpe em cima do intervalo, o Benfica acalentou esperanças de recuperar do 3-1. Logo aos cinco minutos do primeiro tempo, Ruben Dias viu a corrida de Rafa para a área – um lance semelhante ao de Paços de Ferreira – e este serviu Vinícius para um pontapé cruzado que bateu Marchesín. O jogo ficou relançado e as águias ganharam outra vida.


Outros destaques:

Ferro: Ruben Dias fez um autogolo, mas esteve a um nível acima do parceiro no eixo central. O jovem defesa cometeu a grande penalidade deu o 2-1 ao FC Porto e, portanto, merece o destaque negativo. Imprudência do defesa-central formado no Seixal ao saltar com o braço aberto, travando o cabeceamento de Soares. Ferro acusou-o o erro e fartou-se de errar passes na primeira fase de construção e completou a exibição desastrosa ao ver Marega fugir nas suas costas antes do autogolo de Ruben Dias. A última falha gravíssima aconteceu nos descontos, mas Díaz não fez o 4-2. Em suma, foi o pior em campo.


Taarabt: o talento do marroquino é inquestionável. Mostrou-o no Dragão quando teve bola: livrou-se com facilidade dos adversários e mostrou-se fortíssimo ora na condução de bola, ora no passe vertical, anulando linhas da organização portista. Pese embora todas as qualidades que oferece ao jogo do Benfica, Taarabt viu por duas vezes Soares Dias perdoar-lhe a expulsão. Inteligente, Bruno Lage entendeu que os créditos do magrebino se tinham esgotado e tirou-o logo a seguir.


Rafa: os dois golos encarnados têm muito do extremo. Sem espaço para correrias – mérito de Corona -, o internacional português fugiu muitas vezes para o corredor central. Foi uma espécie de jóquer na estratégia de Bruno Lage. Num dos movimentos tradicionais, fugiu à defesa portista e assistiu Vinícius para o 3-2, o golo da esperança vermelha. Na primeira parte, diga-se, Rafa já tinha servido Chiquinho para o cabeceamento que Marchesín não anulou por completo antes do desvio oportuno do brasileiro para o 1-1.

Grimaldo: o espanhol foi o mais permeável da defesa benquista. Sem o fulgor de outras partidas, o lateral-esquerdo raramente se envolveu em combinações ofensivas tanto por dentro como fora (e como o Benfica precisa delas na sua forma de jogar). Além da quase nulidade ofensiva, Grimaldo fartou-se de ser driblado tanto por Corona como por Díaz ou até Manafá – que não é um prodígio técnico. O colombiano fez-lhe, aliás, dois «túneis» quase seguidos com uma facilidade assustadora depois de Otávio o ter sentado na génese do primeiro golo.