O Benfica encarrilou o quarto jogo seguido sem vencer para a Liga, não indo além de um empate sem golos na receção ao V. Guimarães, que fechou a primeira volta sem qualquer derrota fora de portas.

Se há lição que os encarnados levam deste jogo é que as estatísticas, avassaladoras para o lado dos lisboetas, não ganham jogos.

Vinte e três remates, 63 por cento de posse de bola e quase uma dezena de cantos redundaram num nulo, mais uma noite negra para os benfiquistas e que só não foi pior porque Marcus Edwards desperdiçou uma soberana ocasião de golo a fechar para reclamar Lisboa e levar os três pontos para o Minho.

Depois de ter saído a perder do dérbi de Alvalade num jogo em que procurou encaixar no adversário – o que até aconteceu, mas sem resultados práticos – o Benfica regressou ao 4X4X2 habitual, com Cervi e Everton nas faixas e Pizzi no apoio direto a Haris Seferovic.

Pela frente teve um V. Guimarães em franca ascensão, com três vitórias seguidas, bem comandado por João Henriques e que chegou à Luz a quatro pontos dos encarnados, com menos um jogo e, por isso, a depender de si próprio para relegar a equipa de Jorge Jesus para um até há bem pouco tempo impensável quinto lugar.

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Os primeiros 45 minutos pertenceram quase na totalidade ao Benfica, que empurrou os vimaranenses para o seu meio-campo defensivo. Resistência e contra-ataque: a estratégia visitante cingiu-se a isto.

Os encarnados exploraram muito o jogo pelos corredores e fizeram mossa particularmente pelo corredor direito, para onde Taarabt canalizava muito do jogo e Pizzi descaía para somar a Everton e Gilberto, dando superioridades numéricas.

O Benfica teve a solidez defensiva e a largura que lhe faltou em tantos outros jogos. Teve um plano concreto e desenhou-o bem, mas só até ao toque final do esboço, porque faltou mais peso na área, onde Seferovic acabou engolido pelos centrais vimaranenses.

A primeira parte chegou ao fim com estatística esmagadora para a equipa de Jorge Jesus, que ainda orientou a equipa em… teletrabalho: 65 por cento de posse de bola, 15 remates (contra um) e cinco cantos face a nenhum do conjunto minhoto.

Números que, ainda assim, não se traduziram em ocasiões flagrantes de golo.

As equipas reapareceram no relvado com alterações no figurino. O Benfica adotou um 4x4x2 clássico com a entrada de Darwin para o lugar de Everton; Pepepu deu outra consistência ao meio-campo vitoriano.

A equipa de João Henriques passou a pressionar mais alto e nos minutos iniciais da etapa complementar chegou a dividir o jogo. Condicionou mais a primeira fase de construção dos encarnados, que só por volta da hora de jogo conseguiram voltar a empurrar o bloco visitante com convicção.

Mas o problema-base do Benfica manteve-se: peso na área, que nem a presença de mais homens no eixo do ataque – Gonçalo Ramos rendeu Seferovic à hora de jogo – ajudou a solucionar.

A essa lacuna central somavam-se outras: as águias não introduziram nuances na forma de construir e os defesas vimaranenses, com maiores ou menores dificuldades, foram solucionando os problemas que lhes foram aparecendo.

Mais: faltou sentido prático, necessário para mudar a sorte de um jogo que tem 90 minutos e não se perpetua, por isso, no tempo. Um cabeceamento de Gonçalo Ramos e, quase a fechar, um remate disparatado de Pedrinho por cima, foi o mais próximo que os encarnados estiveram do golo na etapa complementar: curtíssimo para quem tem tamanhas ambições.

Se é verdade que o Benfica foi superior ao V. Guimarães, não deixa de o ser também que lhe era exigido mais num jogo, já o mencionámos, marcado por um tremendo desequilíbrio estatístico.

O Benfica fecha a primeira volta com quatro jogos seguidos sem triunfar para a Liga, o registo paupérrimo de 34 pontos, o Sporting a uma distância de 11 pontos e corre o risco de ser apanhado no quarto lugar pelo Paços de Ferreira.

O all-in do início da época é, para já, um fracasso absoluto e não há sinal de retoma à vista nem numa altura em que a equipa já resolveu os casos de covid-19.