O capítulo 129 do clássico entre Boavista e V. Guimarães sorriu aos minhotos. Um golo de Marcus Edwards, aos 19 minutos, valeu a estreia triunfal a João Henriques no comando técnico e a segunda vitória seguida dos conquistadores deixa o Boavista sem saber o que é vencer ao fim de quatro jornadas.

Duelo que tem tradição na história, tem intensidade dentro de campo. É rasgadinho. A doer. Mesmo sem adeptos nas bancadas. Este não fugiu à regra e foi decidido com classe britânica, cedo na partida.

Foi preciso contar até quatro para ver o número de jogadores a construir uma jogada tão simples quanto eficaz. Simples, mas com trabalho de casa. O primeiro golo de bola corrida ao V. Guimarães nesta Liga fez a diferença: Bruno Varela pontapeou longo para o estreante Zié Ouattara, que lançou a profundidade de Bruno Duarte até um cruzamento bem medido do brasileiro. Na área, Edwards atirou a contar com o ‘pé cego’, o direito, após simulação na cara de Javi García.

A primeira oportunidade clara resultou em golo e acentuou um início de jogo animado, que teve cedo um amarelo a Quaresma e a saída de Adil Rami por lesão, aparentemente muscular: o campeão do mundo durou cinco minutos em campo e foi rendido por Cristian Castro.

A vantagem teve o dom de fazer crescer o Vitória, quando se esperava uma reação axadrezada. Esta foi parca e ficou-se por um lance ao minuto 33, tão perigoso quanto infeliz de Benguché. O hondurenho cortou o seu próprio desvio para golo.

Até aí já sobressaía Jorge Fernandes como um muro ao rugir da pantera e Quaresma e Rochinha iam espalhando o pânico do lado contrário. O primeiro, com trivelas venenosas para a área. O segundo, com velocidade a desequilibrar marcações frente à antiga equipa.

O Boavista teve mais posse até ao intervalo (61 por cento), mas o V. Guimarães foi mais pragmático com bola e manteve a vantagem mínima para o descanso. E assim seria, até ao apito final.

Aliás, o jogo podia ter ficado perto da resolução mais cedo a favor dos minhotos, se o sentido prático resultasse em eficácia. Rochinha nada quis com ela, quando ajeitou em demasia um ‘chapéu’ a Léo Jardim ao minuto 51: bola por cima.

Com a largura e profundidade dadas por Bruno Duarte, Rochinha, Quaresma e Edwards – este rendido por Pepelu perto da hora de jogo – o Vitória conseguiu pôr em sentido a defensiva contrária após ganhos de bola a meio-campo. Mas foi faltando, com o tempo, afinco no último terço para finalizar.

Quem conseguiu chegar mais perto foi Boavista, à procura do empate, nos últimos 25 minutos. Resultou da frescura dada por Seabra à equipa, que espevitou com as entradas de Juwara e Hamache.

Talvez por isso, com o apito final a aproximar-se, se viu João Henriques intervir do banco como nunca, com indicações e gritos bem audíveis a corrigir posicionamentos. Nuno Santos teve a primeira de duas chances iminentes, mas faltou pontaria no pé direito (84m). Na compensação, foi bola atrás de bola para a área. Sílvio cortou uma decisiva quase em cima da linha e o último suspiro de alívio do Vitória surgiu com o apito final.

Assim foi a primeira conquista de D. João Henriques.