A fogaça, pão doce típico de Santa Maria da Feira pode estar para ser reinventada. E pode acontecer que o ingrediente secreto que a ser acrescentado à receita ancestral, seja chili. isso mesmo, a malagueta tão apreciada para os lados do México.

E pelas primeiras amostras, esta iguaria acalenta um sonho. O sonho da permanência do Feirense na Liga. O mesmo que ganhou forma no cabeceamento certeiro de um central mexicano que, aos 85 minutos da partida contra o V. Guimarães, voltou a mostrar dotes de cozinheiro de sonhos.

A fogaça com chili cozinhada por Briseño e servida no momento certo da receção ao V. Guimarães, revelou-se uma mistura de sabores improváveis que, para já, soube a três preciosos pontos, que prometem apimentar as últimas três jornadas do campeonato.

Contas simples

Ganhar ou ganhar. O cenário para o Feirense antes da partida com o Vitória era simples de resumir, mas complicado de resolver. Sem margem de erro, o lanterna-vermelha do campeonato sabia que só a vitória interessava para continuar a sonhar com a permanência na Liga.

E se a coisa já não parecia simples, pior ficou quando Raphinha inaugurou o marcador para o Vitória logo aos 11 minutos, com um remate de fora da área, que desviou em Briseño e enganou Caio Secco.

Mas se essa desvantagem precoce no encontro poderia significar uma dose extra de pressão para os homens de Nuno Manta, no minuto seguinte, João Silva desviou um cruzamento de trivela de Luís Machado e devolveu alguma tranquilidade à equipa que até partiu para um momento de maior domínio no jogo.

Só que apesar do ligeiro ascendente fogaceiro, a verdade é que as poucas oportunidades que o Feirense foi criando, esbarram ora na muralha defensiva do Vitória, ora em Miguel Silva, sempre atento.

Já com pouco a ganhar em termos classificativos – o 5.º lugar estava a sete pontos no início desta ronda 31 – o Vitória foi gerindo o seu jogo, consoante as emoções do adversário, parecendo esperar algum desnorte para desferir um golpe fatal no sonho feirense.

E isso resultou numa segunda parte de combate, mas pouco esclarecida, de parte a parte. O conjunto vimaranense tornou-se mais perigoso com a entrada de Tallo, só que o avançado costa-marfinense tão depressa criava uma oportunidade, como a desperdiçava no segundo seguinte.

Aconteceu isso quando, em excelente posição e solto de marcação atirou para grande defesa de Caio Secco com os pés, ou ainda no momento em que, isolado, perdeu tempo e deixou Flávio Ramos surgir a cortar de carrinho um lance que tinha tudo para ser decisivo.

E quem não tinha mesmo tempo a perder era o Feirense. Por isso, aos 85 minutos, Briseño subiu à área contrária para, mais uma vez, revelar-se decisivo na conquista de pontos frente a equipas minhotas.

Tinha-o sido quando marcou o golo do empate na receção ao Sp. Braga, e voltou a sê-lo, neste sábado, num lance em tudo semelhante. Canto da direita batido por Tigo Silva e a cabeça fria do mexicano a surgir para incendiar as bancadas do Marcolino de Castro e, mais importante do que isso, a dar fôlego ao Feirense, a três jornadas do fim.