Declarações de Ivo Vieira, treinador do V. Guimarães, na sala de imprensa do Estádio D. Afonso Henriques, após o triunfo (1-0) sobre o Marítimo:

«Foi uma vitória da equipa que teve mais eficácia, tendo em conta também o número de oportunidades que a equipa criou e não concretizou. A vitória é extramente merecida pelo que os jogadores fizeram. O Marítimo a espaços conseguiu superiorizar-se, mas somamos três pontos, o que não nos vale de muito a não ser acrescentar pontos».

[Balanço da época] «É visível aquilo que de bom foi feito e menos conseguido também. Podemos apontar a entrada na fase de grupos da Liga Europa, o que foi muito bom com visibilidade para potenciar jogadores. Conseguimos a maior venda do Vitória, o Tapsoba por 18 milhões de euros e hoje temos o Marcus que vale seguramente 30 milhões. É um aspeto positivo, temos também a chegada à Final 4 da Taça da Liga. Temos duas manchas no nosso percurso, a Taça de Portugal, por culpa nossa, e também o facto de não conseguir o apuramento europeu. Foi o meu último jogo aqui, onde aprendi muito e cresci muito com a massa critica, no bom sentido. Independentemente da crítica que, a espaços possa acontecer, foi uma aprendizagem gigantesca que levo para a vida. Cresci muito como homem e como treinador. Na cidade, no trato com as pessoas, sinto que sempre quiseram o meu sucesso. Temos de estar preparados para os momentos menos bons, todos temos deceções. Não utilizava a palavra frustração, que é muito forte, mas sim desalento por não atingir os objetivos».

[Aponta aspetos positivos. Não dava para continuar esse projeto?] «Sempre tive esperança e a minha intenção era ficar muitos anos no Vitória. Temos de respeitar a decisão e a visão das pessoas, daquilo que querem para o clube. Não vejo qualquer anormalidade nessa decisão. De uma forma natural, se o grande objetivo da época não foi conseguido as pessoas têm legitimidade de se desligarem uma da outra. As pessoas devem ter frontalidade e coragem de dizer as coisas na cara. Vejo muitas pessoas a criar um problema numa situação normal no futebol».

[Em que aspetos cresceu?] «Há uma coisa que vou levar para a vida. Deixei muitos amigos nos clubes em que passei, cada uma à sua dimensão. Não é por sair do Vitória que vou deixar de sentir aquilo que cresci. Acima de tudo cresci no erro daquilo que foi o dia-a-dia, a exigência do Vitória enquanto instituição e a minha dimensão mental para esses desafios, foi o contexto mais exigente que tive na minha carreira, com respeito pelos outros. Sinto que aprendi bastante e vou ser melhor no dia de amanhã».

[Situação do Aves] «Tive oportunidade de trabalhar no Aves, um clube pelo qual tenho muita consideração, de gente humilde e trabalhadora. Tudo o que possa dizer poderá alimentar de forma negativa o processo de todas as decisões. Não será bom para o futebol português em termos de imagem para o estrangeiro. Faço votos para que não aconteça».

[Jhonatan] «Os colegas também jogaram por ele perante essa situação inesperada. Ironia do destino o Jhontan lesionou-se contra o Marítimo e volta uma data de meses depois frente ao Marítimo. É um momento doloroso, mas a vida traz-nos estes momentos menos bons. Tem condições de jogar, a opção de jogar hoje foi pelos sinais que deu. Achei que era o momento ideal para o poder lançar, não foi por caridade».