Pedro Martins entrara na fase final da carreira de jogador pela mão do presidente Luís Filipe Vieira. Ali, em Alverca, passou quatro temporadas, viu o dirigente mudar-se para a Luz e começou a pensar como treinador.

As duas últimas épocas de futebolista são feitas com José Couceiro, que o apadrinha no banco e o leva para todo o lado: de Setúbal até ao Restelo, com passagem pelo Dragão. Sempre adjunto, até que passou a principal e chegou à Liga, na qual é, Jorge Jesus à parte, o treinador que mais vezes «tira o sono» a Rui Vitória e ao Benfica. Pedro Martins defronta ambos neste sábado na partida mais sonante da jornada.

O verão quente de 2006

A separação de Couceiro deu-se em 2006 num verão quentíssimo no futebol nacional. Precisamente orientado pelo atual treinador do V. Setúbal, o Belenenses descera de divisão. Vinha aí, porém, o Caso Mateus.

De seguida, Couceiro foi para os sub-21 nacionais e Pedro Martins assumiu o «divórcio» numa entrevista ao CM, na qual argumentou a sua inocência num processo com a justiça espanhola e que o levou a estar 35 dias detido em Jerez de la Frontera.

«Neste momento estou a formar uma equipa técnica, e à espera que o telefone toque. Não tenho preferências por clube, mas gostaria de abraçar um projecto aliciante, que me permita desenvolver um trabalho assente em bases sólidas», Pedro Martins, in Correio da Manhã, julho de 2006

O União de Lamas deu-lhe a oportunidade e a partir daí o trajeto foi sempre ascendente. Passou pelo Lusitânia de Lourosa até que se consolidou no Marítmo B. Quando Van der Gaag saiu da equipa principal, Pedro Martins estava lá para aproveitar a ocasião.

A estreia aconteceu frente a Leonardo Jardim, em Aveiro, e seguiu-se uma receção ao…Benfica. O primeiro jogo que dirigiu em casa para a Liga terminou com um triunfo encarnado e demoraria um ano para Pedro Martins saborear uma vitória sobre o rival que neste fim de semana defronta.

Uma derrota com simbolismo para o Benfica

Jorge Jesus é o técnico do campeonato que mais vezes venceu o Benfica, em todas as provas. E também aquele que bateu Rui Vitória em mais ocasiões.

A quantidade de jogos do atual treinador do Sporting na Liga tem alguma explicação para o primeiro facto; o tempo que passou na Luz ajuda nos números do segundo. Quando se analisam os restantes técnicos, um nome sobressai: precisamente o de Pedro Martins.

Àquela derrota inicial com o Benfica, seguiram-se mais 15 jogos e o técnico venceu três. O primeiro em dezembro de 2011, com o Marítimo a atirar as águias para fora da Taça de Portugal com uma reviravolta: Saviola tinha dado vantagem aos visitantes, Roberto Sousa e Sami viraram o marcador.

O telefone tocou de Vila do Conde e Pedro Martins mudou de ares

O segundo triunfo surgiu também no Funchal. E tem algum simbolismo…para o Benfica. Foi o primeiro jogo do tricampeonato. Os encarnados vinham de um pesadelo chamado 2012/13, em que perderam a Liga num pontapé de Kelvin, a Liga Europa numa cabeçada de Ivanovic e a Taça de Portugal para…Rui Vitória. O primeiro jogo da época seguinte levou as águias à Madeira, para uma derrota por 2-1 com golos de Derley (45min g.p.), Rodrigo (51min) e Sami (70min).

Pedro Martins bateu os encarnados, pela última vez, como treinador do Rio Ave. Ao fim de quatro épocas na Madeira como principal do Marítimo, mudou-se para Vila do Conde. Foi ali, nos Arcos, em março de 2015 que celebrou a última conquista: o Rio Ave venceu o Benfica por 2-1, a oito jogos do final do campeonato. As águias ficaram a liderar com três pontos a mais que o FC Porto.

O confronto com Rui Vitória

A última vez que o Benfica não venceu em Guimarães resultou em festa no Marquês de Pombal. Rui Vitória orientava os vimaranenses que arrancaram um nulo. Ora, o 0-0 e o empate do FC Porto no Restelo levaram ao bicampeonato nacional.

Neste sábado, Vitória volta a estar do lado encarnado da barricada, tal como na época passada. Do outro, já se sabe, estará Pedro Martins, um técnico que já lhe «tirou o sono» em algumas ocasiões.

Rui Vitória começou a treinar um clube da Liga em 2010/11. Para o campeonato, ganhou 102 vezes e perdeu 62. Este último número aumenta para 76, quando se juntam as outras provas nacionais. Pedro Martins é um dos principais contribuintes para ele.

Há 13 confrontos entre Rui Vitória e o técnico dos vimaranenses. O ribatejano ganhou cinco no tempo regulamentar (passou eliminatória da Taça de Portugal nos penáltis), Pedro Martins quatro. O resto são empates, claro.

Com a exceção já mencionada de Jorge Jesus, Pedro Martins é o técnico em atividade na Liga que mais vezes bateu o treinador do Benfica, se analisarmos o conjunto de provas nacionais. Tem o mesmo número de triunfos de Marco Silva e Paulo Fonseca.

Esses, no entanto, treinam em Inglaterra e Ucrânia. E, sobretudo, venceram Rui Vitória como treinadores de um dito grande: três das quatro vitórias de Fonseca são no FC Porto, uma de Marco Silva é no Sporting. As 13 de Jesus são todas por Benfica (10) e Sporting (3).

Quase metade dos jogos, o Benfica não vence ali

Pedro Martins tem oportunidade ao jogo 200 para vencer de novo o Benfica, agora com o V. Guimarães. Mas também é de sublinhar que, desde que Rui Vitória chegou à Luz, os confrontos penderam sempre para o ribatejano.

Sábado, rola a bola no D. Afonso Henriques, onde o Benfica, já agora, tem por triunfos pouco mais de metade dos jogos que ali realizou até hoje: seja para o campeonato (38 vitórias em 71 jogos, que dá 53,5 por cento), seja em todas as competições (42 em 78, ou seja 53,8 por cento).