E eis que o Conquistador «cansado» chegou e conquistou sem grande esforço a fortaleza em Tondela, essa mesma cujo trono era instável desde que principiou o campeonato.

Mesmo com um jogo a meio da semana na Bélgica, fator esse que Natxo González confessou querer tirar partido na antevisão ao encontro, os vimaranenses demonstraram sempre maior frescura, tanto física como emocional. Ivo Vieira fez várias mexidas, como de resto já se previa, mas conseguiu montar um onze suficientemente forte para fazer frente aos tondelenses, famintos de vitórias em casa.

Apoiados por muitos adeptos, os minhotos não montaram um castelo, mas antes uma autêntica muralha no meio-campo, contando com a preciosa ajuda da linha mais avançada, que foi capaz de anular praticamente todas as saídas do Tondela durante a primeira parte.

Curiosamente, a primeira grande oportunidade de golo pertencera ao Tondela, ao virar dos 10 minutos, mas Miguel Silva fez possivelmente uma das defesas do campeonato e tirou o pão da boca a Pité de forma incrível, mesmo em cima da linha de golo. O Vitória ripostou de imediato e podia ter inaugurado o marcador no lance seguinte, não fosse a intervenção atenta de Cláudio Ramos.

Exceção feita aos primeiros dez minutos, não se pode dizer que o primeiro tempo tenha sido emocionante, exceção feita, claro está, à chuva de golos. Talvez não seja descabido dizer que quem assistiu ao desenrolar do jogo não esperaria tantos golos.

Taticamente irrepreensível na primeira parte, o Vitória optou por pressionar bem alto e secou por completo as saídas do Tondela, forçando também vários erros nos defensores tondelenses. Foi, de resto, na sequência de erros dos centrais da casa que o Vitória consegui desfeitear as redes da baliza de Cláudio Ramos, em apenas 4 minutos.

Lucas Evangelista (21’) e Bruno Duarte (24’) deram as primeiras estucadas nuns beirões impotentes para furar a muralha montada pelo adversário.

Ainda meio apáticos com o que sucedera, os beirões tentaram contrariar a tendência e chegar à baliza, mas com pouco sucesso.

Miguel Silva era, então, um mero espetador, até Yohan Tavares encontrar de cabeça o caminho para finalmente furar a muralha vimaranense. Aos 42’, o Tondela conseguia reduzir e levantar a moral das suas tropas.

Mas foi sol de pouca dura. A segundos do apito para o intervalo, André Pereira, na segunda assistência pessoal, desmarcou Evangelista na cara de Cláudio Ramos e este viu bem o colega Davidson em melhor posição, oferecendo o terceiro de bandeja.

Para o segundo tempo, Natxo González colocou Jonathan Toro para dar maior dinamismo ao ataque do Tondela, algo que efetivamente se verificou, contudo, foi novamente o Vitória a entrar melhor, dispondo de vários lances de perigo junto da baliza de Cláudio Ramos.

Mais uma vez, o cansaço não se fazia notar. Nas bancadas a reação era de alguma incredulidade para com o que se assistia em campo, isto é, um Tondela quase sempre incapaz de assumir as rédeas do encontro, apesar de, em teoria, estar mais fresco fisicamente.

Em nome da verdade, se a primeira parte teve alguma emoção e golos, restou muito pouco para a segunda. Ambas as equipas travaram uma batalha árdua pela baliza, bola de um lado para o outro, lances de relativo perigo aqui e ali, sobretudo para os minhotos. Nota para uma bola ao poste de Rochinha em cima do minuto 90, que podia ter resultado no quarto do Vitória.

Triunfo da melhor equipa em campo. Um conquistador que de cansado não teve nada e, se teve, valeu-se da inteligência para ultrapassar um adversário que em casa parece fraquejar, arrecadando assim um triunfo importante no dia em que comemorou 97 anos de existência.

O jogo terminou com muita contestação ao treinador Natxo González. Zero vitórias em casa esta época, um registo que começa a deixar marca nos adeptos do Tondela.