Cinco meses. Foi esse o tempo que durou a seca de triunfos do Vitória fora de casa. Na última oportunidade da época, a equipa de José Peseiro venceu no terreno do Tondela e acabou com um ciclo que era demasiado mau para a dimensão de uma equipa que iniciou a época com a Europa no horizonte.

O Vitória foi bastante superior ao Tondela que, ainda assim, mostrou reação depois de uma má entrada em jogo. A permanência já estava conseguida e esta partida podia tornar-se uma despedida amarga do seu estádio pela pesada derrota, mas Pepa e os seus jogadores saíram de campo muito aplaudidos pelos adeptos, num jogo que foi presenciado por mais de 3000 espectadores.

Venham daí os golos para animar isto!

Os golos são a alma do futebol. E se dúvidas houver sobre essa verdade indesmentível, basta ver aquilo que se passou neste Tondela-V. Guimarães. Um jogo que estava a ser chato – e a cheirar demasiado a fim de época para duas equipas que já não lutam por qualquer objetivo a não ser a melhor classificação possível – transformou-se num jogo emotivo, com o aparecimento do primeiro golo do jogo.

E a sua origem até foi algo inesperada. Não que não fosse o Vitória que estava a fazer mais por chegar à vantagem – ainda assim, muito pouco -, mas o golo com que Rafael Martins assinalava o seu regresso à titularidade depois de ter sido relegado para o banco no triunfo vimaranense diante do Moreirense, surgiu de um erro de Cláudio Ramos.

Aquele que tem sido uma das grandes figuras do Tondela, talvez mesmo a maior, deixou escapar uma bola que parecia fácil e deixou-a à mercê do avançado brasileiro que, na pequena área não desperdiçou a oportunidade e inaugurou o marcador aos 33 minutos.

Em desvantagem, o Tondela fez então aquilo que ainda não se lhe vira. Começou a tentar chegar com critério à área contrária. Ainda assim, o golo pareceu desconcentrar a defesa beirã que, seis minutos volvidos deu todo o espaço para Rafael Martins receber de costas para a baliza um lançamento lateral de Sacko, rodar e fazer o segundo golo vitoriano.

Com um resultado talvez demasiado penalizador para o futebol que (não) estava a ser jogado, a equipa da casa sentiu o segundo golo, reuniu as tropas e atirou-se para a frente nos últimos minutos da 1.ª parte, sendo premiada com um golo de Delgado já nos minutos de compensação.

David Bruno subiu no corredor direito, criou desequilíbrio na defesa vitoriana e cruzou para o poste mais distante onde apareceu o jogador internacional chileno a cabecear nas costas do seu adversário direto e a lançar a reação tondelense para a etapa complementar.

Rafael Martins acaba com as dúvidas

Aquilo que se previa na ida das equipas para o descanso demorou pouco tempo a ser confirmado na 2.ª parte, onde o Tondela entrou cheio de vontade de chegar ao empate, com Miguel Cardoso a encarnar essa intenção.

Ainda dentro do primeiro minuto, o extremo que foi a figura da equipa beirã no triunfo diante do Benfica surgiu em boa posição no interior da área e viu o seu remate cruzado ficar a centímetros do sucesso.

Só que depois, com os beirões balanceados para o ataque, os homens de José Peseiro encurtaram as linhas no seu meio-campo defensivo e montaram uma teia que prendeu os movimentos do conjunto orientado por Pepa.

E quando o Tondela parecia controlado e incapaz de reagir, Rafael Martins surgiu a resolver mais uma vez, desta feita, conquistando uma grande penalidade após trabalho de qualidade sobre Ricardo Costa. Chamado à conversão, Hurtado não desperdiçou e marcou pela segunda jornada consecutiva. A diferença, foi que agora correu para os adeptos vitorianos e não para os balneários como acontecera na semana passada após marcar o golo que deu o triunfo diante do Moreirense.

No tempo restante, enquanto o relógio se encaminhava vagarosamente para o final, ainda houve tempo para o quarto golo da equipa visitante, com Estupiñán a ultrapassar toda a gente para dar a estocada final num já derrotado Tondela.

Desse lance, realce para algo que se percebeu desde muito cedo: Cláudio Ramos não estava nas melhores condições físicas para este jogo. O guardião pareceu coxear numa fase ainda muito precoce da partida, errou no primeiro golo, nunca bateu os pontapés de baliza e mostrou sempre dificuldade quando a bola lhe chegava aos pés e foi incapaz de reagir no lance com Estupiñán.

Isso, porém, não apaga a excelente época que fez, tal como a derrota pesada não o o faz com o que foi conseguido pela equipa de Pepa.

Já para o Vitória, este triunfo serve para subir ao sétimo lugar, ultrapassado Boavista e Desp. Chaves, ainda que à condição em relação aos flavienses. Mas serve também para dar ânimo para a última jornada mas, sobretudo, para a próxima época. Com José Peseiro à frente da equipa? É uma dúvida que só o tempo dissipará, mas os sinais são positivos.