O Benfica voltou ao trilho dos triunfos em Guimarães, corrigindo a trajetória após o empate com o Arouca. A eficácia encarnada fez a diferença no D. Afonso Henriques (0-3), com golos de Pavlidis – bisou na partida – e Carreras a camuflar uma prestação encarnada uns furos abaixo do que o resultado deixa transparecer.

Mais produtivo e com mais lances de perigo, o Vitória – que tinha apenas uma derrota em casa na Liga esta época, frente ao FC Porto – foi perdulário a nível ofensivo, a meias com uma exibição competente de Trubin na baliza. Letais, os encarnados fizeram o resultado evoluir até às três bolas a zero, votando a encostar-se ao Sporting no topo da classificação.

O conjunto de Guimarães não encaixava golos em casa nos últimos cinco jogos, mas defrontou um Benfica que há treze jornadas vinha a marcar fora. Teve mais força o poder de fogo encarnado num jogo em que Bruno Lage não operou mudanças no onze, apostando no mesmo onze da última ronda.

Sentido único traído com contragolpe letal

Mesmo com condições climatéricas adversas, a chuva e o vento não impediram que o início do encontro fosse empolgante. Em cinco minutos o Vitória de Guimarães somou três aproximações prometedoras à área encarnada, pondo o conjunto de Bruno Lage em sentido.

Esse foi, de resto, o tónico dominante. Um Vitória personalizado e destemido impôs-se no jogo, teve mais bola, mais remates e mais cantos, obrigando o Benfica a jogar muitas vezes encolhido e com necessidade de pausar o jogo para controlar a intensidade do jogo.

Num rasgo de contragolpe puro, os encarnados fizeram sair a sua qualidade diferenciada, colocando-se na frente do marcador. Lance rápido, Pavlidis lança a velocidade de Akturkoglu, que serve Kokçu para o remate de primeira na passada. Bruno Varela ainda sacode com uma sapatada, mas deixa a bola à mercê de Pavlidis para o grego encostar para o fundo das redes.

Os encarnados saíram para o intervalo em vantagem com um contra-ataque letal perfeito. Rápido, com poucos toques no esférico e capacidade repentina para chegar à pequena área do Vitória. O sentido único do conjunto de Luís Freires foi traído num lance em que os encarnados foram mortíferos.    

Contemporização até Carreras soltar as amarras

Foi diferente a segunda metade. Continuou a haver mais Vitória no jogo, até porque corria atrás do prejuízo, mas o Benfica conseguiu gerir o ritmo do jogo com menos sobressaltos. A equipa de Bruno Lage esteve compacta e consistente nas suas ações, travando o ímpeto adversário.

Os encarnados souberam ler o jogo, perceberam que com um futebol vertiginoso o encontro podia descontrolar-se e não se expuseram defensivamente. Em contraponto, o Vitória punha nos pratos da balança a necessidade de anular uma desvantagem sem ficar à mercê da qualidade adversária.

Neste limbo, a maior capacidade técnica encarnada voltou a sobressair com os encarnados a fazerem o resultado escalar para três golos de diferença. Em seis minutos o Benfica fez dois golos (78' e 84') e arrumou com a questão, voltando a vencer num terreno em que somou empates nas três últimas temporadas.

Primeiro foi Carreras a fugir pelo corredor esquerdo, iludiu os adversários e, na cara de Varela, mesmo de ângulo apertado, fuzilou e encaminhou definitivamente o triunfo. Na sequência de um lance de bola parada, Pavlidis bisou na partida ao recarregar com sucesso um livre batido por Kokçu que Varela defendeu como pôde para a frente.

As águias saem de Guimarães com os três pontos num jogo em que aliaram à qualidade técnica maturidade enquanto equipa. Num embate em que claramente não dominaram, tiveram argumentos para serem competentes e decisivos, acabando por fazer da finalização a arma para sair com um triunfo folgado de um terreno difícil.