A teoria de que há lógica no futebol sofreu um Valente pontapé no Estádio D. Afonso Henriques. O duelo de Vitórias, embate histórico do futebol português, terminou empatado (1-1) com os sadinos a conseguirem a igualdade no período de descontos na sequência de um pontapé de canto.

Amargo de boca para o V. Guimarães, que pelo que fez merecia mais. O caminho que Luís Castro preconiza ainda é sinuoso, a posse de bola não foi acompanhada da progressão desejada, mas esta noite os vimaranenses foram ousados em demasia para construir o triunfo que parecia certo.

Osorio colocou o Vitória de Luís Castro em vantagem, também de bola parada, diga-se, e geriu a última meia hora sem sobressaltos, com oportunidades para dar a estocada que faltava num Vitória de Setúbal pouco produtivo. Pecou nesse capítulo e consentiu o empate. Nuno Valente entrou para marcar nos descontos, gelando a Cidade Berço.

Das intenções ao encaixe

As equipas montadas por Luís Castro e Lito Vidigal em muito contribuíram para o desenrolar do jogo. O meio campo musculado do V. Setúbal com Semedo ao lado de Mikel anunciava um conjunto sadino de contenção, enquanto que a reformulação ofensiva operada por Luís Castro indicava uma procura mais robusta no último terço do terreno.

Retrato fiel do arranque do encontro. O V. Guimarães foi mais acutilante, fez por se instalar no meio campo sadino e tentou combinações que levasse o esférico até às imediações da baliza de Joel Pereira. Intenção bem vincada, mas que não saiu desse registo. Muita posse de bola, mas em terrenos estéreis.

Faltava progressão aos vimaranenses, muito por culpa de um Vitória de Setúbal que se organizou e assumiu o travar das intenções contrárias como principal premissa do seu jogo. Fruto desse princípio a equipa de Lito não fez qualquer remate enquadrado com a baliza nos primeiros quarente e cinco minutos.

Muita intenção do V. Guimarães, mas com intensidade insuficiente para fazer mossa. Um remate de Tozé em boa posição, estava isolado depois de Davidson romper no corredor central. Valeu Joel Pereira a fazer uma intervenção de recurso.

Bolas paradas mexem o marcador

A segunda parte iniciou-se com dois remates do Vitória de Lito Vidigal à baliza. Nuno Pinto de livre obrigou Douglas a defender com dificuldades junto ao relvado. Falsa promessa, uma vez que o cenário foi o mesmo: o V. Guimarães assumiu as despesas do jogo e o V. Setúbal ficou-se pela expetativa.

Foi mais enérgica a equipa de Luís Castro, correu com o relógio e a troca de bola que era feita até então passou a fazer-se uns metros à frente no terreno de forma mais ameaçadora, ainda que com efeitos práticos em tudo semelhantes.

Uma bola parada fez a diferença a adiantar o V. Guimarães. Tozé, um dos melhores do Vitória, ganhou a falta e cobrou-a do lado direito, Osorio fez o resto no coração da área. Grande impulsão do defesa central a ganhar nas alturas e a bater Joel Pereira.

Uma bola parada fez a diferença a dar o empate ao V. Setúbal. Depois de meia hora sem capacidade para incomodar os sadinos, Nuno Valente fez a diferença. O V. Setúbal não ganha fora há meio ano, mas o empate teve sabor a triunfo. Os festejos indicam isso mesmo. Resultado demasiado penalizador para o V. Guimarães.