Foi o Vizela quem cicatrizou definitivamente a ferida, deixando o vizinho Vitória com mazelas bem visíveis. Depois de na última jornada os dois emblemas terem anulado a pior série da época com um triunfo, o conjunto de Álvaro Pacheco demonstrou ter mais saúde, vencendo (3-2) um encontro com muita rivalidade à mistura.

Sempre empenhados e deixando tudo em campo, fazendo jus ao lema sangue suor e lágrimas, os vizelenses ganharam pela primeira vez na 1.ª Divisão ao Vitória, um triunfo conseguido com uma cambalhota no marcador que sob o ponto de vista anímico vale muito mais do que três pontos.

O pontapé de bicicleta de Rochinha a abrir o ativo, um bom golo, não foi mais que um paliativo temporário para um V. Guimarães irreconhecível, que nunca foi capaz de se impor ou de equilibrar a vontade adversária. Guzzo, Cassiano e Aidara foram os rostos do triunfo vizelense, um triunfo que dá uma alma enorme na luta pela despromoção.

Nem a bicicleta de Rochinha deu andamento

A entrada forte do Vizela em jogo, com boas movimentações e uma reação intensa à perda da bola foi uma premonição para o que seria o jogo. A equipa de Álvaro Pacheco não regateou o esforço, disputou cada lance como se fosse o último e nessa toada construiu vários lances ofensivos. As bolas foram despejadas na área de forma consecutiva perante um Vitória atónito.

Foi subindo metros a equipa de Pepa após o encosto inicial à sua área. Sempre a um ritmo lento, quase desinteressado, o maior talento do Vitória lá saiu e aos 22 minutos as redes vizelenses abanaram. Na sequência de um canto, após duas disputas de bola, Rochinha atirou num pontapé acrobático, colocando os vimaranenses em vantagem. Mas, nem a bicicleta de Rochinha deu andamento ao Vitória.

Reagiu o Vizela, com a dedicação que lhe caracteriza e assumiu por completo as despesas do jogo. Voltou a despejar bolas na área, a conquistou canto e superiorizou-se a um V. Guimarães perdido em campo, sem nervo e que praticamente abdicou de ousar o ataque. Sem surpresas, apenas onze minutos depois de ter sofrido, o Vizela impõe novamente a igualdade no jogo. Mumin ainda serviu de guarda-redes na pequena área a travar o primeiro remate de Nuno Moreira, mas nem o defesa nem o guarda-redes Trmal conseguiram travar a recarga de Raphael Guzzo.

Dois golos em seis minutos: resolvido num quarto de hora

O maior afinco do Vizela, a maior crença e a maior entrega ao jogo manteve-se. Predicados que foram ditando as leis do encontro e num quarto de hora a equipa de Álvaro Pacheco marcou dois golos e construiu uma vantagem confortável. Com a defesa de Pepa a meter água, os golos saíram com naturalidade e até deu para “olés” vindos da bancada.  

Cassiano, um felino à solta sempre pronto a ira à luta, recarregou um remate de Raphael Guzzo e operou a cambalhota no marcador, sendo o inesperado Aidara a aparecer na área do Vitória num lance de bola corrida para assinar o golo da tranquilidade para o Vizela. Dois golos em seis minutos resolveram o jogo no primeiro quarto de hora da segunda metade.

Com Edwards no banco, lançado apenas para a reação, o máximo que o Vitória conseguiu fazer foi reduzir a margem e manter a incerteza até ao final do jogo. Triunfo da dedicação vizelense, que quis mais os três pontos do que o seu adversário. Respira tranquilidade o Vizela, perante um Vitória que teima em não se agarrar aos lugares europeus.