*por Paulo Graça
 
O Nacional despediu-se este sábado da Liga com uma derrota frente ao Vitória de Setúbal, num jogo no qual o triunfo dos sadinos foi merecido, perante uma equipa em «cacos» e que a pouca assistência alvinegra não ajudou a, pelo menos, despedir-se com dignidade. 
 
As críticas da massa adepta do Nacional aos jogadores - principalmente a César - foram audíveis, mas o jogador emprestado pelo Benfica sempre soube aguentar. A emoção apenas apareceu nos últimos três minutos, quando um penálti convertido por Zequinha deu um empate ao Nacional, mas que Zé Manuel tratou logo depois desfazer, confirmando o triunfo da equipa de José Couceiro. 
 
15 anos depois do regresso à Liga pelas mãos de José Peseiro, cinco apuramentos para as competições europeias, dois quartos lugares, um quinto e um sexto, onze vezes à frente do seu rival Marítimo, o Nacional despediu-se do convívio entre os melhores do futebol luso, numa época em que os números são por mais evidentes para consubstanciar a descida da equipa de João de Deus, há três semanas dada como certa. 
 
O jogo marcou também a despedida do Estádio da Madeira em jogos da I Liga, recinto que ficou afamado, principalmente, pelos muitos jogos adiados devido ao nevoeiro.
 
 
A primeira meia hora de jogo foi de algum sofrimento para o Nacional, principalmente ao nível defensivo com os forasteiros a perderem algumas situações claras de golo. Curiosamente, foi no período que a equipa alvinegra começava a chegar mais ao meio campo contrário, embora sem qualquer perigo para a baliza de Bruno Varela, que a equipa de José Couceiro falhou redondamente na finalização. E praticamente em dois lances a papel químico, embora com intervenientes diferentes. 
 
No espaço de um minuto (entre o minuto 26 e 27), Nuno Santos, primeiro, e Edinho, logo a seguir, cabecearam fora do alcance do desamparado guarda-redes do Nacional, mas em ambas as chances a bola nem em direção à baliza foi. E estas foram apenas duas das mais flagrantes oportunidades de golo do Vitória, pois ainda antes Amaral (aos oito minutos) e Edinho (18) tinha obrigado Adriano Facchini a executar duas boas intervenções, impedindo o golo contrário. 
 
A caminhar para o intervalo, o Vitória arriscava-se num erro a sofrer um golo, mas a tarde pouco inspirada dos avançados alvinegros era a certeza que Varela iria ter, pelo menos, 45 minutos de descanso na defesa da sua baliza. E assim foi. Nem uma única oportunidade foi criada pela equipa de João de Deus, pelo que o resultado no nulo ao intervalo era um prémio para o Nacional e um claro castigo para a formação do Sado.
 
Depois do descanso, Couceiro aposta no mesmo onze, com a dinâmica do jogo a se manter para o lado dos sadinos. Já o Nacional apresentou uma alteração, com troca de avançados de Aristeguieta por Ricardo Gomes. A lesão de Sequeira, logo no início da segunda parte, obrigou João de Deus a colocar Witti em campo, que foi mesmo jogar a lateral esquerdo, embora essa não seja a sua posição natural. Pouco minutos depois foi a vez de Mezga (Nacional) e Costinha (Vitória) também abandonarem o jogo devido a lesão. E isso, pouco mexeu com o jogo.
 

Com os primeiros dez minutos da segunda parte atípicos (lesões e jogo muito tempo parado), os minutos seguintes confirmaram os números da primeira parte, com o Vitória a comandar todos os itens. A dinâmica ofensiva era superior na procura do golo, a posse e circulação de bola era de muita qualidade, e, uma vez mais, a finalização estava pelas ruas da amargura. 
 
O Nacional ia-se aguentando, muitas vezes com a sorte como parceiro, outras com a falta de objetividade pela baliza da equipa contrária. E acabou mesmo por ter a melhor oportunidade de golo, quando todos os jogadores do Vitória ficaram parados a reclamar uma falta atacante na área do Nacional. Rui Correia rapidamente marcou a falta, passando a bola a Witi. Este percorreu todo o campo, serviu Ricardo Gomes que, isolado, permitiu Varela defender e, aos 70 minutos, sujar o seu equipamento.
 
Três minutos depois, o Vitória volta à carga e chegou ao golo, num lance onde só à terceira a bola entrou. Um lance caricato mas que também conta, pois Edinho marcou apenas à terceira tentativa, ainda antes dele próprio falhar o primeiro remate na cara de Adriano e de João Carvalho, na recarga, atirar ao poste. 
 
Com o relógio a caminhar para o minuto noventa, jogadores, técnicos e público alvinegro desejosos pelo apito final, apenas bastou ao Vitória controlar o meio campo, como sempre fez nesta partida. 
 
O Nacional chegaria ao empate a três minutos do fim, num penálti marcado por Zequinha, que Zé Manuel desfez logo a seguir, num lance bem delineado pelo ataque sadino que, de forma justa, confirmou a vitória do Vitória, justa e até magra, pela primeira parte de boa qualidade vitoriana. E os assobios ouviram-se depois, por uma massa adepta que regressa ao escalão secundário do futebol profissional...