Um mês de todos os horrores para o Benfica. Depois do empate, em casa, diante do Moreirense, a equipa de Bruno Lage voltou a ceder novo empate, agora no Bonfim, num jogo em que Pizzi voltou a desperdiçar uma grande penalidade. Um mês com três derrotas, quatro empates e apenas uma vitória, em Barcelos, que ditaram, além do afastamento da Liga Europa, a perda da liderança para o FC Porto que, no final da ronda, pode aumentar a vantagem, no topo, para três pontos. O problema, que começou por ser defensivo, já é evidente em todos os setores. 

O Vitória apresentou desde logo um dilema de difícil resolução para o Benfica, apresentado uma equipa muito coesa, muito concentrada, com as linhas muito juntas numa curta faixa de terreno. O Benfica apresentava um dispositivo idêntico pelo que, logo nos primeiros instantes do jogo tínhamos vinte jogadores concentrados numa curta faixa de poucos metros. A disputa de bola foi intensa nessa faixa e os passes em profundidade, na tentativa de descomprimir o jogo, raramente tinham bom sucesso, chegando muitas vezes ao guarda-redes ou saindo pela linha de fundo.

O Benfica procurou acentuar a pressão e forçar a referida faixa a recuar para mais perto da área de Makaridze, com Chiquinho a descair para a direita, procurando combinar com Tomás Tavares e Pizzi e abrir uma via de escape por aí, mas o Vitória ia-se ajustando e anulava todas as tentativas de invasão dos visitantes. Os primeiros quinze minutos correram céleres sem o único remate à baliza. O Vitória, concentrado em anular o Benfica, também não conseguia explorar as habituais transições rápidas para o ataque.

O Benfica, com mais posse de bola, continuava a empurrar o adversário, procurando recuperar a bola cada vez mais à frente e, desta forma, obrigar o Vitória a cometer erros. Oportunidades apenas de bola parada, primeiro num livre de Samaris, por cima da trave, depois num canto de Grimaldo que permitiu o Pizzi rematar forte, mas às malhas laterais. Nesta altura já havia mais espaços e o Vitória ensaiou os primeiros contra-ataques, primeiro com Mansilla a cruzar da esquerda para o remate de Zequinha do lado contrário, depois inverteram-se os papéis, com o português a cruzar, mas o colombiano não chegou a tempo para finalizar.

O melhor lance da primeira parte foi mesmo antes do intervalo, num canto de Pizzi e Samaris a pentear a bola, de cabeça, para defesa por instinto de Makaridze. O Benfica mostrou-se seguro em termos defensivos, um dos problemas identificados por Bruno Lage, mas com poucas soluções para contornar a estratégia montada por Júlio Velázquez.

Tudo o que faltou na primeira parte surgiu num espaço de poucos minutos no início da segunda: espaço, velocidade e, a essência do jogo, os golos. Primeiro para o Vitória, logo a abrir. Lance desenhado por Sílvio e Zequinha sobre a direita, como avançado a colocar a bola entre Tomás Tavares e Rúben Dias, para a entrada de Carlinhos que dominou e rematou como quis. Muitas facilidades da defesa do Benfica, mas logo a seguir chegou o empate. Lance confuso na ára do Vitória e Semedo atingiu Rúben Dias com o cotovelo. João Pinheiro, aconselhado pelo VAR, foi rever as imagens e apontou para a grande penalidade. Pizzi, desta vez, atirou a contar. Estava restabelecido o empate e o jogo tinha mudado definitivamente.

Agora havia muitos espaços, até porque o Benfica procurou tirar rendimento do golo de Pizzi e carregou com tudo à procura da reviravolta. Bruno Lage trocou o apagado Chiquinho por Rafa e a velocidade do jogo subiu a olhos vistos, com o Benfica a assumir um claro 4x2x4. Vinícius chegou a marcar outra vez logo a seguir, na sequência de um grande lance de Taarabt, mas o avançado brasileiro estava adiantado e não valeu.

O jogo estava frenético, com parada a resposta. O Benfica pressionava mais perto da área de Makaridze, mas agora o Vitória tinha mais espaços para responder e também ia tentando chegar à área de Vlachodimos. Carlinhos, com um remate acrobático, voltou a visar a baliza do guarda-redes do Benfica, mas Pizzi, no lado contrário, também atirou por cima da trave. O jogo estava intenso quando João Pinheiro assinalou nova grande penalidade a favor do Benfica, na sequência de um remate de Grimaldo que foi ao braço de Artur Jorge. Pizzi voltou a assumir, mas, tal como tinha feito frete ao Moreirense, atirou ao lado. Terceiro penálti em quatro desperdiçado por Pizzi.

O falhanço de Pizzi motivou os sadinos que voltaram a cerrar fileiras, na altura da dança dos bancos, com os dois treinadores a fazerem muitas alterações nas equipas. Já com Weigl e Dyego Sousa em campo, Grimaldo rematou para a defesa da noite de Makaridze.

Com os minutos a correram para o final, o Benfica passou a jogar com pontapés em profundidade, procurando chegar rápido à frente, mas até ao final registámos apenas mais um remate de Dyego Sousa defendido por Makaridze.

Bruno Lage tem repetido que os problemas defensivos estão identificados, mas terá também de se concentrar nos problemas ofensivos. Nos últimos sete jogos, o Benfica só conseguiu marcar mais de um golo no empate com o Shakhtar Donetsk (3-3) e, este sábado voltou a produzir muito pouco. Mesmo com duas grandes penalidades, voltou a marcar apenas um golo. Apenas um triunfo em oito jogos. Já se pode falar em crise?