É imprudente dizer que acabaram as noites de drama e incerteza no Bonfim, mas será possível afirmar com algum grau de certeza que com Velázquez os bocejos dos adeptos sadinos foram definitivamente erradicados.

Não queremos com isto dizer que o novo Vitória é um poço de virtudes. Longe disso! É, acima de tudo, uma equipa na qual são mais visíveis as suas qualidades, mas também as suas carências, muito por culpa da ideia de jogo mais arrojada que o espanhol tem procurado injetar no processo ofensivo.

V. Setúbal e Desp. Aves protagonizaram um duelo aceso no Bonfim, com o triunfo a sorrir à equipa da casa graças a um golo de Berto na reação quase imediata a uma grande penalidade que os visitantes não conseguiram concretizar.

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Makaridze, que emendou um disparate de José Semedo, passou a noite em malabarismos e missões suicidas (confira nos destaques), mas terminou-a como herói, acima de todos os outros, e uma grande parcela dos três pontos, que permitem ao Vitória dormir no sexto lugar da Liga juntamente com o Rio Ave, pertence-lhe.

Os sadinos começaram o jogo com maior vigor, em busca do jogo exterior e com Mansilla e Zequinha a serem muito solicitados nos flancos.

Estruturada no 4x1x4x1, a equipa de Nuno Manta Santos apostava na organização defensiva e em provocar desequilíbrios através de transições rápidas.

Se o V. Setúbal terminou o jogo com muito mais posse de bola (cerca de 65 por cento), o Desp. Aves terá superado os sadinos no número de oportunidades, apanhando a equipa da casa várias vezes em contrapé.

E a história do jogo até poderia ter sido outra. Apesar de mais conservador na proposta de jogo, o conjunto de Nuno Manta Santos fez por merecer outra sorte, mas só pode queixar-se de si próprio. Um minuto depois de ter respirado de alívio numa jogada de ataque concluída por Mansilla com um remate ao lado, viu José Semedo entregar-lhe um penálti.

O iraniano Mohammadi atirou colocado, mas Makaridze manteve a igualdade e injetou adrenalina nos anfitriões, que chegaram ao golo por Berto aos 59 minutos.

A partir daí, os avenses atiraram-se para a frente com sangue novo, mas a reação mais intensa durou meia-dúzia de minutos, com Yamga e Estrela perto do golo.

O Vitória está longe de ser fiável mas apresenta-se agora mais agradável à vista e, mais importante, soma três pontos que lhe permitem cavar uma distância muito considerável para a zona de despromoção, cenário que favorece a aplicação de novas ideias. Há tempo e margem para isso, tudo o que começa a faltar ao Aves, que, faça-se justiça, merecia mais este sábado.