Ainda é cedo para premonições. A fase ainda precoce da época, os graus de maturação das equipas e as idiossincrasias dos jogos – e as deste foram particularmente raras – aconselham prudência.

Mas este Vitória parece ser uma versão amplamente melhorada daquele que em 2017/18 suou as estopinhas para garantir a permanência na Liga.

Com cinco reforços no onze inicial – Mano, Rúben Micael, Zequinha, Mendy e Cádiz – o conjunto agora orientado por Lito Vidigal deixou água na boca aos cerca de 5 mil adeptos sadinos que se deslocaram ao Bonfim e anseiam, finalmente, por uma época sem palpitações.

FILME E FICHA DE JOGO

O triunfo dos sadinos na receção ao Desp. Aves por 2-0 representou os primeiros passos para a concretização desse objetivo, num jogo em que a equipa visitante cometeu demasiados pecados capitais que acabaram por tornar inviáveis quaisquer aspirações de regressar ao norte do país com um resultado positivo.

O Desp. Aves terminou o jogo reduzido a nove jogadores, por expulsões de Falcão (45+7) e de Jorge Fellipe, ao minuto 66.

Nove jogadores, debaixo de um calor infernal numa fase da época em que os índices físicos ainda estão a ser aprimorados serviriam de justificação suficiente para o desequilíbrio de forças que se presenciou à beira do Sado. Mas seria pôr o ónus demasiado no conjunto de José Mota, ainda que este seja amplamente responsável por parte do que se passou principalmente na etapa complementar.

Antes disso já havia muito Vitória. A equipa da casa entrou forte e inaugurou o marcador aos 3 minutos por Costinha, mais influente no último terço do terreno neste primeiro esboço da nova época.

Verticais nas alas, criativos e mais agressivos na construção ofensiva pelo centro, os sadinos tiveram sempre o controlo das operações. Já o tinham mesmo antes do momento em que o Desp. Aves começou a desmoronar-se por completo quando Falcão perdeu a cabeça no último sopro da primeira parte, controlando bem as poucas investidas da equipa contrária.

A jogar contra menos uma unidade, o Vitória foi à procura da segurança absoluta no segundo tempo. Depois do falso alarme com um golo anulado pelo VAR, Cádiz atirou desta vez a contar aos 61 minutos, num desvio na zona do segundo poste após cruzamento do regressando Zequinha.

Novo golpe para os avenses, que autoinfligiram mais um instantes depois, quando Jorge Fellipe foi expulso por acumulação de amarelos e deixou a equipa de José Mota reduzida a nove para os 25 minutos finais.

O pesadelo arrastou-se e o tempo passou devagar para os visitantes, que não tiveram outro remédio que não procurar cair de pé e evitar a criação de um trauma gigante. Para evitar a catástrofe absoluta, Mota retocou a defesa, retirando o elemento mais adiantando (Derley) e colocando Ponck em campo.

A tarde horribilis ficou-se pelo 2-0. Por culpa dos postes (duas vezes) e de Beunardeau, que fez o que pôde quando foi humanamente possível perante uma equipa da casa que se mostrou insaciável e à procura de mais mesmo quando já tinha tirado a barriga de misérias.

Houve fome e instintos suicídas à mistura do Bonfim, mas este Vitória é pelo menos mais convicto e apressado do que o de 2017/18, demonstrando já dinâmicas interessantes. Nada mau para um primeiro esboço.