Nuno Pinto foi a grande figura da derrota do V. Setúbal diante do Rio Ave (1-3), no Bonfim apesar de ter estado apenas oito minutos no relvado do Bonfim. O lateral entrou em campo como capitão do sadinos, apenas cinco meses depois de lhe ter sido detetado um linfoma, foi substituído pouco depois, mas o jogo foi interrompido ao minuto 21, o número da camisola do lateral, para nova homenagem dos companheiros e adversários a que se associarem as bancadas. Um ambiente de festa bem distinto daquele do jogo anterior no Bonfim, diante do Boavista, marcado por três expulsões, caras feias e insultos. O jogo esteve empatado até perto do final, mas a formação de Vila do Conde acabou por reclamar os três pontos com dois golos ao cair do pano.

Confira a FICHA DO JOGO

Os dois emblemas resolveram a vida na ronda anterior. O Vitória acabou por garantir a continuidade no primeiro escalão com uma vitória em Chaves (2-1), enquanto o Rio Ave perdeu a última esperança de chegar à Europa na derrota com o Benfica (2-3). Foram, portanto, duas equipas descontraídas que começaram o jogo no Bonfim. Nuno Pinto foi capitão do Vitória, foi muito aplaudido quando entrou em campo e ainda mais quando saiu, oito minutos volvidos, já depois de ter marcado um pontapé de canto. O lateral entregou a braçadeira a Vasco Fernandes e foi abraçado por todos os companheiros, passando ainda por uma guarda de honra improvisada pelas duas equipas. Uma bonita homenagem que seria reforçada ao minuto 21, o número da camisola de Nuno Pinto. Junio, a pedido de Rúben Micael, atirou a bola para fora e todos os jogadores, com as bancadas de pé, a cantar «Nuno Pinto olé», voltaram a aplaudir o jogador de 32 anos.

O Rio Ave tinha entrado nervoso no campo e Paulo Vítor quase proporcionou o primeiro golo a Allef, mas a verdade é que os visitantes, aos poucos, foram assumindo as rédeas do jogo, com uma elevada posse de bola e, até ao intervalo, criaram as melhores oportunidades da primeira parte, com destaque para um desvio caprichoso de Joca que levou a bola ao ferro quando o médio já levantava os braços para comemorar e também para um livre de Nuno Santos que passou a rasar a barra. O Rio Ave mandava no jogo, fazendo circular a bola, de uma ala à outra, onde Nuno Santos e Gabielzinho procuravam imprimir maior velocidade ao jogo.

O Vitória tinha menos bola, mas a verdade é que não precisava de a ter muito tempo para chegar rápido à baliza de Paulo Vítor. Em três ou quatro passes, com um futebol direito, os sadinos chegavam rápido ao ataque, com Allef em plano de destaque. Um jogo típico de final de época entre duas equipas sem pressão, com um ritmo baixo, com poucas faltas e alguns lances espetaculares.

Na segunda parte vieram os golos e um jogo bem mais competitivo. O Rio Ave entrou forte, com uma pressão alta e marcou logo a abrir, aos 51 minutos, com Bruno Moreira a aproveitar um mau atraso de Nuno Valente para ganhar a bola, invadir a área e marcar com um remate cruzado. Resposta rápida do Vitória que empatou dois minutos depois na sequencia de um canto da esquerda. Paulo Vítor ainda defendeu um primeiro desvio de Mendy, mas já não conseguiu evitar a recarga de Vasco Fernandes.

Um golo que virou o jogo, uma vez que, a partir daqui, o Rio Ave perdeu por momentos o domínio do jogo e o Vitória cresceu a olhos vistos. Um domínio que se acentuou quando Sandro lançou Jhonder Cádiz para o lugar de Allef. Multiplicaram-se as oportunidades dos sadinos, sempre com o avançado venezuelano em jogo, com destaque para uma cabeçada, a cruzamento de Rúben Micael que passou a rasar o poste.

O Vitória esteve muito perto de virar o resultado, mas acabou por deitar tudo a perder nos últimos instantes do jogo. Já perto do último minuto, Carlos Junior trabalhou bem sobre a esquerda e cruzou com peso e medida para a cabeçada de Bruno Moreira. Cristiano ainda defendeu, mas já não teve braços para travar a recarga do avançado, também de cabeça. Bola ao centro, o Vitória procurou uma nova resposta rápida, mas foi o Rio Ave que voltou a marcar, numa transição rápida, com Said a surgir destacado na área e a bater novamente Cristiano.

No final do jogo, o Corpo de Intervenção da PSP colocou-se junto às bancadas para impedir uma invasão de campo, mas o jogo acabou como começou, em ambiente de festa, com os adeptos a aplaudir os jogadores. Afinal de contas, o grande objetivo da temporada dos sadinos, que passava pela permanência, já estava assegurado há uma semana.