Há vida na Vila das Aves. A lutar contra as estatísticas, apenas com três vitórias nos últimos 23 jogos, o AVS construiu o resultado mais expressivo da época (3-0) na receção ao Vizela. A disputar pelo segundo ano consecutivo o play-off, os avenses apontaram três golos em oito minutos já na segunda metade, colocando-se em posição privilegiada para a manutenção entre os grandes do futebol português.
Com um bis em apenas três minutos, Tunde Akinsola vestiu a pele de Fénix, a fazer renascer uma equipa que há quatro meses não sabia o que era vencer em casa. Numa temporada com números escassos e com quatro treinadores, vindo de uma derrota precisamente por três bolas a zero frente ao Moreirense, o triunfo sobre o Vizela acaba por ser um grito de alívio.
Depois de cinco meses sem perder, uma série impressionante de vinte jogos, Fábio Pereira perde pela primeira vez no comando técnico dos vizelenses vendo complicarem-se de forma quase definitiva a contas da subida de divisão.
Bolas paradas anulam domínio
Seguindo aquilo que tem sido a prática do play-off dos últimos anos, a equipa de segundo escalão – numa série de resultados positivos e claramente com outro vigor anímico – não se escusou a ombrear com a equipa da Liga, sendo que neste final de tarde o Vizela até começou por assumir as despesas do jogo.
O conjunto de Fábio Pereira esteve por cima das operações, teve mais bola e com um par de lances bem gizados conseguiu criar lances de frisson junto da baliza avense, à guarda de Simão Bertelli, que destronou o veterano Ochoa. A boa dinâmica do trio de ataque vizelense, bem suportado pelo setor intermediário, ia atirando a equipa do AVS para momentos de desconforto. No banco José Mota sentia isso e, por protestos, acabou expulso a meio da primeira metade, sendo seguido pelo adjunto, que em poucos minutos recebeu também ordem de expulsão por parte do árbitro Gustavo Correia.
Foi nas bolas paradas que a o conjunto da Liga começou por arranjar argumentos para ombrear com o Vizela. Invariavelmente com Piazon a movimentar, Devenish e Zé Luís foram as torres que se posicionaram para criar uma série de lances de perigo fazendo os avenses acabar por ser o conjunto mais perigoso, apesar do controlo do jogo pertencer ao adversário.
Os oito melhores minutos do AVS
Das cabines as duas equipas trouxeram cautelas redobradas. Após uma primeira metade sem golos, O AVS teve aqueles que terão sido os oito minutos mais produtivos da temporada, fazendo a rede abanar por três ocasiões num curtíssimo período de tempo. O primeiro golo chegou na transformação de uma grande penalidade por Gustavo Assunção. João Reis fez falta sobre Zé Luís e da marca dos onze metros o médio chamou a si a responsabilidade, iludindo Miguel Ángel Morro pela primeira vez.
Uma espécie de desbloquear da estrada para Tunde Akinsola entrar em cena. O nigeriano marcou dois golos em três minutos. Morro foi impotente quando Tunde lhe apareceu pela frente após fugir a Jota em velocidade. Na cara do guarda-redes, já de ângulo apertado, o camisola 11 deu tranquilidade ao AVS. Com o Vizela acusar o momento, Tunde acabou por bisar: passe de Rafa Rodrigues, a aproveitar as brechas adversárias, para isolar Tunde para o terceiro.
Passo de gigante para a manutenção avense, impondo um travão na onda de euforia construida em Vizela. Morschel ainda atirou à trave já nos descontos; uma bola que podia dar outra expetativa para a segunda mão, dentro de uma semana, mas a possibilidade de reajustar o resultado bateu no ferro. Para a semana há os derradeiros noventa minutos, em Vizela.
A FIGURA: Tunde Akinsola
Três minutos para mais tarde recordar por parte do extremo nigeriano. O jogador de 22 anos tinha dois golos até agora na temporada, igualando esse registo em apenas 270 segundos. Sentido de oportunidade de Tunde Akinsola nas duas oportunidades que dispôs, acabando por ter aproveitamento máximo. Dois golos que podem ser decisivos para as contas da época avense.
O MOMENTO: primeiro golo do AVS (62’)
Bola na área vizelense, Zé Luís preparava-se para armar o remate quando é atingido por João Reis, dando origem a um castigo máximo. Foi Gustavo Assunção a assumir a cobrança do castigo máximo, iludindo Morro. O médio teve tranquilidade para atirar com convicção para o fundo das redes, num golo que desbloqueou o jogo e lançou os avenses para um triunfo confortável.
POSITIVO: bolas nos cones a não nos apanha bolas
O embate entre AVS e Vizela serviu para a Liga testar o novo sistema dos apanha bolas, que se espera implementar na próxima temporada. Em torno do relvado continuaram a figurar os miúdos, mas em vez de dar a bola aos intervenientes tinham de as coloca nuns cones distribuídos pelas linhas laterais e pelas linhas de fundo para esse efeito. Esta prática já acontece em vários campeonatos, como a Premier League.