Tudo na mesma. O mapa futebolístico nacional da próxima temporada terá o AVS entre os grandes do futebol português e o Vizela no segundo escalão. Os avenses contrariaram a tendência dos play-off e bateram o vizinho Vizela, assegurando a manutenção com um empate (2-2).
Prevaleceu a margem de três golos conseguida há uma semana por parte da equipa de José Mota – ausente do banco de suplentes devido a castigo – com os avenses a entrarem a perder, mas a terem estofo para marcar dois golos num embate em que Akinsola e Gustavo Assunção, que já haviam marcado no primeiro jogo, voltaram a ser protagonistas.
Antes de mais, diga-se, os dois conjuntos interpretaram o que estava em causa e gladiaram-se pela derradeira vaga entre os grandes do futebol português. O AVS, já se sabia, trazia a tal margem de conforto de três golos da 1.ª mão, disputada há uma semana na Vila das Aves.
Mas, em Vizela acreditava-se numa noite épica, que resultasse numa remontada com contornos históricos. Foi corajosa a equipa de Fábio Pereira, embalada por um estádio a fervilhar, acreditou que podia efetivamente ter um momento de glória. Uma crença suportada pelo golo de Thio – a meias com Fernando Fonseca – logo aos catorze minutos.
Uma página na qual se escrevia em tons de azul, mas na qual faltava ter em conta a equipa de José Mota, que desde cedo a jogar com o resultado e com o cronómetro – por vezes em demasia – mostrou ter argumentos para continuar a desnivelar o marcador.
Aliás, por entre a tensão imposta pelo Vizela no jogo, Mercado e Akinosla iam criando momentos de calafrios junto da baliza de Morro. Quando o jogo se encaminhava para o intervalo o nigeriano voltou a inscrever o seu nome no filme da eliminatória ao ser novamente letal. Akinsola aproveitou a abordagem defeituosa de Thio para ficar nas costas da defesa, driblando Morro antes de atirar para o empate com que se chegou ao intervalo.
O golo sofrido pelo Vizela foi acusado pelos pupilos de Fábio Pereira, fazendo ruir quase por completo o capital de confiança existente. Apesar do domínio no reatar do encontro na segunda metade, a verdade é que o AVS organizado foi suficiente para evitar que o Vizela criasse perigo.
Em contragolpe, num momento de inspiração, os avenses passaram para a frente do marcador num grande golo de Gustavo Assunção. Cruzamento de John Mercado a partir do corredor esquerdo, com espaço, na área o médio desvia de calcanhar num golo com nota artística. Se ainda existiam dúvidas, ficaram desfeitas mesmo com o golo de penálti de Morschel que resultou no empate final.
Numa época em que teve quatro trinadores no banco e conseguiu apenas 27 pontos, acabando o campeonato na antepenúltima posição, o AVS garante a manutenção no play-off. Pelo segundo ano consecutivo a equipa da Vila das Aves sai por cima nesta disputa, respirando de alívio na derradeira oportunidade.
Desfaz-se o sonho vizelense, que foi alavancado por uma recuperação fantástica no segundo escalão e que contemplou vinte jogos consecutivos sem perder. Um sonho bonito, como se viu pela chegada da equipa ao estádio, mas que foi insuficiente. Para o ano o futebol de primeira continua na Vila das Aves, a 8kms de distância.
A FIGURA: John Mercado
Com duas arrancadas logo nos instantes iniciais esticou o jogo do AVS e mostrou ao Vizela que teria de sofrer momentos de desconforto. Depois de um período mais quezilento, o extremo lá encaixou no jogo e fez as duas assistências para os golos da equipa de José Mota. Dois lances em que foi decisivo para a sobrevivência avense na Liga.
O MOMENTO: primeiro golo do AVS (38’)
Passe de John Mercado para as costas da defesa. Thio parecia ter o lance controlado, mas falha o corte e deixa Akinsola isolado na cara de Miguel Morro. Mesmo sem as melhores condições, o nigeriano consegue driblar o guarda-redes e atirar para o fundo das redes, assinando um golo com enorme carga emocional no jogo. Derrubou as intenções da equipa da casa e deu ainda mais margem ao AVS.
POSITIVO: ambiente em Vizela
A equipa do Vizela foi recebida em apoteose à entrada no estádio. Uma vibração que se sentiu também no interior do recinto, que se apresentou muito próximo da lotação total com 4076 adeptos. Ambiente à altura das emoções do embate e do seu significado.