A Associação de Ligas Europeias de Futebol Profissional (EPFL) está a debater com a Comissão Europeia, e pretende debater também em breve com os governos locais, a intenção de exigir das casas de apostas uma parte do lucro como forma de pagamento pelos direitos de propriedade intelectual que estas utilizam e que pertencem ao futebol.
Essa mesma intenção foi transmitida ao Maisfutebol por Emanuel Medeiros, presidente a EPFL. «Não abdicámos da nossa parte das receitas sempre que é atribuída uma licença a um operador de apostas público ou privado», referiu. «Queremos ter um acesso justo e legítimo a parte das receitas porque estão a utilizar os nossos direitos».
A justificação é simples. «Estão a utilizar os direitos das ligas, os símbolos dos clubes e a identidade das competições para gerar muitos milhões de euros. É justo que parte desses milhões seja reinvestida no futebol, assegurando a viabilidade económica dos clubes e das federações e assegurando a sua acção social e cultural junto dos jovens».
As conversas com os responsáveis europeus «tem tido uma evolução positiva», embora da parte em Portugal, da parte da Comissão para a Ciência, Educação e Cultura, não esteja a haver o mesmo tipo de receptividade. «Em Espanha o Totobola dá 50 milhões de euros ao futebol. Se não souberem explorar este operador de apostas, que o entreguem à proveniência que nós tratamos dele».
Novas receitas e novas regras para evitar consequências da crise mundial
A intenção de gerar novas receitas faz parte da luta da EPFL, e da própria UEFA, para blindar o futebol da crise financeira. Nesse sentido, realizou-se em Londres uma conferência que juntou as ligas europeias, a UEFA e a FIFA para preparar uma estratégia de defesa do futebol em relação à crise mundial.
Em relação a isso, fizeram eco as declarações do secretário-geral da Uefa, David Taylor, que referiu que os clubes com dívidas podem ser excluídos das competições europeias. Emanuel Medeiros diz que as declarações do dirigente foram mal entendidas e que esse cenário é apenas em último caso. «Como aconteceu este ano com o CSKA Sofia», disse.
A intenção não passa por punir os clubes, mas sim por prevenir. «Foi criada uma task force para acompanhar o que se passa à escala local e mundial, procurando perceber como a crise pode atingir o futebol». Através do Comité de Finanças da EPFL vai ser feito «um diagnóstico» e criado «um conjunto de directivas, regras e recomendações para os clubes evitarem a crise», que passam também, isso sim, por uma «fiscalização mais apertada» em relação aos pressupostos financeiros para participar nas provas europeias.