Miguel Ângelo da Silva Rocha, Xeka no mundo do futebol. Aos 26 anos, o jogador formado no Paços de Ferreira e no Gondomar – e com uma curta passagem pelo Valência – é uma das caras que luta para dar ao Lille o quarto título francês da história, dez anos depois do último.

Em entrevista ao Maisfutebol, Xeka assume que está no melhor momento da carreira e fala da ambição de representar a Seleção Nacional, o que, na sua ótica, já podia ter acontecido.

Já muito experimentado no futebol gaulês, o médio luso fala também do Lille, sensacional líder da Ligue 1 a seis jornadas do fim, dos portugueses com quem cruza ou já cruzou caminho, e até da curta experiência com Marcelo Bielsa.

Nesta conversa via zoom, ou não estivéssemos a meio de uma pandemia, Xeka recorda ainda os tempos do Sp. Braga e rasga de elogios um dos treinadores mais importantes da sua carreira: Abel.

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PARTE II: «Período com Bielsa foi muito difícil, percebi que não ia jogar»

PARTE III: Xeka: «O Renato é da mesma gama do Fonte, surpreendeu-me muito»

PARTE IV: «Aprendi mais com Abel em dois meses do que nos três anos anteriores»

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Tem neste momento 35 jogos e dois golos [neste momento já tem 36, uma vez que a entrevista foi feita a 31 de março], já igualou a sua melhor época de sempre no que diz respeito ao número de jogos. Sente que está no melhor momento da carreira?

Sim, podemos dizer que sim. Sinto-me bem, tenho trabalhado muito para conseguir encontrar o meu melhor nível. Também tenho tido algumas lesões, e quando paramos parece que depois demoramos muito tempo para regressar ao nível em que estávamos. Estou numa fase muito boa da minha carreira, esta época tem sido muito positiva. Queremos sempre jogar os jogos todos, é para isso que trabalhamos, mas às vezes há decisões com as quais temos de lidar. Sinto-me muito mais maduro para abordar essas questões, e sinto que globalmente é uma época que tem sido muito positiva para mim. Só espero dar continuidade a este momento nos jogos que restam.

Mas ainda assim, ainda não foi chamado para a Seleção Nacional. Já esperava ter uma oportunidade nesse sentido?

Sinceramente, sim. Pensei que pudesse ter essa oportunidade de estar na Seleção Nacional, mas isso são coisas que não me cabe a mim decidir. A mim cabe-me trabalhar, tenho demonstrado as minhas qualidades dentro do campo. Portugal tem uma Seleção com muita qualidade em todos os níveis. Não podemos baixar os braços só porque não é dada essa oportunidade. A nós cabe-nos trabalhar, e jogadores como eu, que se calhar também merecem ir, também sentem isso. Mas lá está, o selecionador é que escolhe quem vai. Sinto-me preparado mentalmente e se um dia surgir essa oportunidade irei lá estar de certeza.

Fonte: twitter Lille

Alguma vez recebeu algum feedback por parte da Federação Portuguesa de Futebol?

Não, pessoalmente não.

Aliás, só tem mesmo uma internacionalização nas camadas jovens, nos sub-20. Não sente qualquer tipo de mágoa, ou que o facto de nunca ter jogado num grande o prejudicou? Até porque numa entrevista ao Maisfutebol em 2011, na altura em que foi para o Valência, assumia claramente o sonho de representar a Seleção.

Na formação, é sempre complicado para a Federação cobrir todos os jogadores. Na altura fui aos sub-20 quando estava no Sp. Braga B, no meu primeiro ano de sénior. Fui aos estágios todos, tivemos um jogo de preparação [com a Eslováquia] e foi aí que joguei. Depois sofri uma lesão que me afastou do Torneio de Toulon, na altura, e isso deixou-me muita mágoa. Estava à espera de ir a esse torneio para depois dar continuidade ao meu trabalho até aos sub-21, mas isso não aconteceu. O facto de nunca ter jogado numa equipa grande quando estava na formação também não me ajudou muito. Agora é diferente, somos profissionais, somos seniores e o facto de não ter estado presente na formação também pode contribuir para o facto de ainda não ter sido chamado para a Seleção A. Mas é algo que eu não penso muito, confio no meu trabalho, estou no caminho certo e se um dia me destacar um pouco mais ou atingir um nível ainda maior posso ter mais oportunidades de ser chamado.

Ainda acalenta a esperança de ir ao Euro2020, apesar de estarmos a poucos meses e ainda aguardar a estreia pela Seleção?

É difícil, muito difícil, mas não é impossível. Então se não é impossível, acredito. É esse o meu estado de espírito, vou trabalhar a 200 por cento até ao final da época, seja para ir de férias ou para ir ao Euro. De qualquer das maneiras, o que eu não vou é ter arrependimento.

O tema Seleção Nacional costuma ser falado com o Renato e o Fonte?

Conversas normais, nada de especial. Aí entra um pouco o papel do Fonte, sempre me apoiou e continua a dar-me força. Da mesma forma que eu não posso escolher quem vai, ele também não. A única coisa que ele faz é dar-me apoio para continuar o meu trabalho para estar sempre bem e um dia, se for chamado, ajudar a Seleção.