Foi uma noite de violência que se viveu em vários bairros da Grande Lisboa e que deixa a capital em sobressalto, numa onda de vandalismo que tem crescido nos últimos dias.
Tudo começou no Bairro do Zambujal, em Alfragide, para onde foi levado e incendiado um autocarro da Carris que tinha sido roubado com violência, quando circulava com motorista e passageiros, os quais foram obrigados a sair. Ainda no Bairro do Zambujal, e após vários motins, foi detida uma pessoa, que circulava com material combustível para causar incêndios.
A partir daí, o vandalismo seguiu por várias zonas da Amadora, como a Cova da Moura, a Reboleira e o Casal de São Brás, onde foram queimados pneus e causados distúrbios.
Na Portela de Carnaxide, foi também incendiado um autocarro da Carris e várias viaturas, num dos locais mais sensíveis para as forças policiais, que foram recebidas com tiros.
Ainda na Portela de Carnaxide, cinco viaturas foram destruídas, entre as quais o carro da TVI, que foi destruído por delinquentes. A equipa de reportagem obrigada a fugir, tendo a jornalista e o repórter de imagem se separado durante algum tempo.
A jornalista Carolina Resende Matos ficou, durante esses momentos de pânico, fechada dentro da viatura, tendo sido atacada por um gangue nessa altura.
«Eram uns sete ou oito a tentar partir o vidro, a mandar-me abrir o carro. Eu dizia que não tinha as chaves, depois eles diziam 'vai-te embora, vai-te embora, vai-te embora', eu disse 'eu não tenho as chaves'. Eles estavam a tentar partir os vidros, um deles estava a tentar partir com o cabo da faca. Era uma faca enorme», conta Carolina à CNN.
«Saí do carro, eles não me tocaram, disseram só 'vai, vai, vai, vai, vai, vai para ali para o pé deles'. E eu fui em direção ao prédio, para os moradores que disseram 'venha para aqui, venha para aqui', abriram uma porta do prédio e me mandaram para o interior.»
Nas imediações da Cova da Moura, tentaram incendiar uma bomba de gasolina e atacaram a tiro uma carrinha de intervenção rápida, e na Amadora um agente foi apedrejado e duas viaturas policiais foram danificadas, enquanto cinco outos carros e vários caixotes do lixo foram incendiados.
Houve carros e caixotes incendiados também na Margem Sul, no Monte da Caparica e na Trafaria, em Casal de Cambra foi arremessado um cocktail motolov contra a esquadra da polícia no local, no Bairro da Fonte da Moura, em Loures, foram ateados vários fogos e causados outros distúrbios, tal como em Lisboa, em Carnide e no Bairro Padre Cruz.
Recorde-se que todos estes distúrbios começaram como resposta à morte de Odaír Júnior, um morador do Bairro de Zambujal que faleceu após ser atingido a tiro pela polícia.