Rui Miguel Tovar está no Maisfutebol com a rubrica LOAD " " ENTER. Para ler todas as semanas e saborear conversas por vezes improváveis com as principais figuras do futebol. Já sabe, basta escrever LOAD " " ENTER para entrar neste mundo maravilhoso de Rui Miguel Tovar.

Um metro e 99 centímetros. Amaral é o chamado calmeirão. Guarda-redes por excelência, duas vezes internacional AA, ambas pelo Vitória FC, acumula passagens por Benfica e FC Porto nos anos 70 e 80. Quando entra em cena, no bar Luar da Barra, encostado à marina de Oeiras, a sua figura é obviamente notada.

O meu avô era Belenenses e costumava levar-me ao Restelo. Sabes qual foi o meu primeiro jogo ao vivo?

Diz lá, Ruizinho.

Novembro 1987, três-um ao Penafiel.

Eischhhhh. Perdemos 3-1? Não acredito, ahahahahah.

Lembro-me bem das camisolas do Penafiel.

Também eu. Equipa engraçada, sabes?

Então?

O ataque era formado por três artistas do melhor:

Quem são eles?

Djão, Caetano e Amancio.

Djãããão, claro.

Não falava. De todo. Só sabia rir-se, tão boa gente.

E os outros?

O Caetano, baixinho, era extraordinário. A sua entrega obrigava-nos a correr o tempo todo. O filho dele, o Ruizinho, tem a minha primeira camisola do FC Porto, ofereci-lha por ocasião do seu 18.º aniversário.

E o Amancio?

Paraguaio, irreverência mesmo à sul-americana. Bom rapaz, simplesmente espectacular. Como o filho tinha dificuldades em dormir, passava algumas horas da noite a jogar futebol lá em casa. Ahahahah. Os vizinhos não lhe perdoavam, claro, e tocavam-lhe à porta em jeito de protesto. Na minha primeira época no Penafiel [1987-88], demos 4-0 ao Sporting no 25 de Abril.

Lembro-me bem. Em Alvalade, na segunda volta, o troco foi 7-0.

Joguei nesse dia?

[silêncio]

Joguei, pois. Só que não quero nem lembrar-me, ahahahah. Foi sete, sim. Era o dia em que o Paulinho Cascavel queria marcar o maior número de golos possível para ser o Bola de Prata.

E que tal?

Marcou quatro, se não me engano. E foi o rei do golo. Na época anterior, já o tinha sido pelo Vitória SC.

Por falar em Vitória, tu jogaste pelo outro Vitória, em Setúbal, certo?

Nem mais. Fiz três boas épocas e até fui chamado à seleção principal.

Jogaste?

O Juca chamou-me sempre durante dois anos e consegui jogar duas vezes.

‘Consegui’?

O Bento era o titular e não dava a mínima hipótese. Ele queria jogar sempre, sempre, sempre. Não dava baldas a ninguém. A minha estreia foi na Luz, com a Suécia. Entrei ao intervalo, para o lugar do Bento.

Lesão?

O Bento lesionou-se cedo, só que manteve-se à baliza. E eu a aquecer atrás da baliza dele, a dizer-lhe ‘sai lá, vá lá’. Ahahahahah. Quando acabou o intervalo, os jogadores regressam ao campo e o Humberto Coelho fica espantado por estar ainda vestido com as calças de fato de treino. Entrei.

Ficou quanto?

Um-dois. Estava 0-1. O Pietra empatou e eles marcaram perto do fim. A segunda internacionalização foi duas semanas depois, em Israel, também para a qualificação do Mundial-82. Já não tínhamos qualquer hipótese e perdemos 4-1. Foi mau, para esquecer. Jogámos pouco, muito pouco.

Nunca mais foste chamado?

Fui. Primeiro pelo Juca, ainda era do Vitória: suplente vs Escócia e Polónia. Depois, mais uma vez como titular do FC Porto. Foi estranho.

Então?

Estavam Bento, Damas e eu, todos os dos grandes. Treinámos no Estádio Nacional e o selecionador não me incluiu na equipa A. No fim do treino, disse-lhe ‘ò Zé, se era para vir aqui com a equipa B, deixa-me sossegado lá em cima e só penso no FC Porto’.

O Zé?

O Zé Augusto.

E ele?

‘Ai é? Está bem’. E nunca mais me convocou. Ahahah.

Nunca mais mesmo?

Nunca.

Tu és guarda-redes por natureza?

Nãããã, esse foi o Bento. E o Damas. Nasceram guarda-redes. Eu fiz-me à baliza com trabalho e mais trabalho. Só para veres, fui campeão de pingue-pongue e andebol na Mocidade Portuguesa.

Andebol?

Era um bom meia-distância e o Ângelo Pintado queria levar-me para o Benfica.

Estavas onde?

Vou começar pelo início.

Boa.

Nasci em Alcântara, na minha casa, onde também nasceu o meu pai, que foi um jogador de basquetebol e voleibol no Atlético.

Daí a tua altura?

Se calhar, é bem provável. A nossa casinha era muito humilde e pequenina, a casa de banho era dentro da cozinha. Quando tinha 11 anos, mudámo-nos para Cascais e o meu pai envolveu-se no Dramático, como dirigente. Cresci nos Salesianos, no Estoril, uma escola muito desportiva. Já falei do Ângelo Pintado, do andebol, e também havia o professor Pegado, selecionador nacional de râguebi, e o padre Miguel, do hóquei em patins. Jogava tudo e tinha jeito para tudo.

Então e o futebol?

Jogava mal.

Ai era?

Defesa-central no Cascais. Era fraco. Um dia, em Carcavelos, estava 0-0 e o nosso guarda-redes lesionou-se. Avancei para a baliza e não saí mais de lá. O jogo correu bem. Na semana seguinte, joguei outra vez à baliza e correu-me novamente bem. No terceiro jogo, fomos à Luz e levámos 9-0, acho. Só que foi um 9-0 que me soube a 0-0, tantas as defesas que fiz.

E depois?

Afirmei-me como titular no Dramático e assinei pelo Benfica no ano seguinte. Era juvenil de segundo ano. Havia ali jogadores interessantes.

Tais como?

Shéu, Norton de Matos, Fernando Santos.

O Fernando Santos?

Esse mesmo, era um dos centrais à minha frente.

Como era ele?

Extrovertido, gostava de jogar futebol, só que estava empenhado na carreira académica. Nunca senti que o futebol fosse uma prioridade para ele. Juntos, ganhámos o Torneio de Lisboa, 4-1 ao Ajax, na Luz, com a parte de baixo do Terceiro Anel totalmente cheia. Havia mais jogadores bons, hein? David, Oeiras e Pedro, o irmão do Norton de Matos. Grande player que teve o azar de uma grande lesão na planta do pé nos tempos do Odivelas e abandonou a carreira.

Havia concorrência no campeonato?

O Sporting era fortíssimo, superior ao Benfica. Foi surpreendente o 1-0 sobre eles na final da Taça de Lisboa, ali no campo do Casa Pia. Fiz uma grande exibição. No campeonato nacional, o Sporting ganhou-nos sete ou oito a dois no conjunto das duas voltas. Só para entenderes a diferença de valores.

Pois, estou a ver. E depois?

Subimos à equipa principal.

Subimos?

O Fernando Santos, por exemplo, foi emprestado. Eu fiquei, juntamente com Bento, José Henrique e Álvaro, os outros três guarda-redes.

Quem era o treinador?

Jimmy Hagan.

Uyyyyyyy.

Ele saía a correr do balneário com o apito na boca e ficava a ver-nos a dar voltas ao campo. Se ele entendesse alguma malandrice, como alguém a correr devagar ou a fazer corta-mato pela bandeirola de canto, dizia-lhe ‘sinhô, mais uma volta’. Ou duas. Ele era o boss. Atenção, esse Benfica era fantástico. Quando cheguei, havia dois balneários.

Como assim?

Quando cheguei, uma equipa foi para a Ásia e a outra para os EUA: havia os titulares e os reservas. No lote dos reservas, o capitão chamava-se Rui Rodrigues. É só um exemplo. Dá para ver a qualidade. Havia os Pedrotos, os Rui Lopes, os Maltas da Silva. O outro balneário era só poderosos: Eusébio, Artur Jorge, Vítor Martins, Artur Correia, Vítor Baptista.

Eischhhhh, Vítor Baptista. Jogaste com ele?

Até no Vitória FC.

Figura, imagino.

Especial, claro que sim. Muito boa pessoa, muito amigo do seu amigo. E maluco que chega. Vivia num outro mundo. Tenho histórias e histórias do Vítor.

Conta uma.

No Vitória, os treinos eram em Tróia. Partíamos do Bonfim e íamos juntos de barco. O Vítor, nada disso. Ia directo para o barco e estacionava o buggie à frente da entrada do barco, pelo que as pessoas tinham de saltar por cima do carro dele para seguir viagem. Ahahahahah. Era uma perdição. Como jogador, digo-te isto: de classe mundial. Outra história.

Diz lá.

Ainda no Vitória FC. O Hagan não gostava que tocassem na bola enquanto estivessem a correr à volta do campo. Se alguém tocasse, era logo castigado. O Vítor não fazia caso e tocava na bola. O Hagan dizia-lhe ‘sinhô quer bola, quer bola?’ E chutava-a para bem longe. O Vítor começava a correr, apanhava-a e fazia controlo de bola até chegar ao Hagan. Um dia, o Vítor chegou ao pé dele com uma pedra. ‘Vá, agora atire a pedra’. Que figura, o Vítor. Tenho mais uma.

Hat-trick.

Fomos jogar à Luz e o Hagan estava a dar a palestra no balneário sobre uma jogada estudada de golo. O Vítor adormeceu durante a explicação e o Hagan acordou-o com a inevitável sobre o que tinha sido falado.

E o Vítor?

‘Não, não, o Setúbal não vai fazer golo ao Benfica’. Nesse mesmo jogo, estávamos no túnel para subir e ele diz-me ’não entres, não entres, deixa-o ir sozinho’. O Hagan saiu para o relvado e algumas pessoas manifestaram-se através de aplausos. ‘Agora é que vai ser’, diz-me ele. O Vítor entra e foi uma chuva de aplausos.

Também apanhaste o Jesus e o Octávio em Setúbal.

Verdade. O Jesus não era uma pessoa muito entregue ao trabalho, com lentidão no processo de jogo, embora fosse muito bom tecnicamente. Ao contrário do Octávio, por exemplo, que era um líder dentro do campo, muito rigoroso e exigente. Mas tenho histórias intermináveis com o Jesus.

E lá vamos nós outra vez.

Íamos muitas vezes juntos para os treinos, desde Lisboa.

De carro?

Isso mesmo. Eu conduzia com os joelhos, a ler o jornal. Ahahahah. Um dia, fomos num BMW azul, de matrícula estrangeira. Era um carro de uma tia do Jesus e ele estava com o pé partido. Foi a guiar um amigo dele. Já depois da ponte, fizemos uma manobra mais esquisita e virámos de repente para Palmela. Um carro não gostou do movimento e ultrapassou-nos para pedir satisfações. Ficámos bloqueados e saí logo do carro. Estava no banco de trás, mas empurrei o banco e quis confrontar os gajos. Reconheceram-nos depois de meia-dúzia de palavras e lá fomos para o treino. No fim, o Jesus diz-me que eles tinham ido ao treino. ‘Tem cuidado para a próxima, eles eram da PJ’. Ahahahahahah. E em Guimarães?

Guimarães, porquê?

Nem queiras saber.

Ai quero, quero.

Fui adjunto do Jesus no Vitória. Substituímos o Inácio. O grupo era forte, mas tresmalhado. Um dia, perdemos em casa com o Gil Vicente e não nos queriam deixar treinar no dia seguinte. Ainda por cima, um jornal anunciou o Toni como treinador no imediato. O Jesus morava perto do complexo e não o queriam deixar treinar. Rodearam-no e ele disse-lhes ‘podem falar mas não me tocam’. Era um treino de não convocados e acabou mais cedo que o previsto, pela pressão popular. O Neno bem tentou acalmar os adeptos, em vão.

Ouchhh,

Quando vou entrar no balneário, vejo o João Tomás à porta. Ultrapasso-o sem dificuldade e vejo dois jogadores à porrada. Separei-os e meti-os debaixo do braço. Contei a cena ao Jesus e ele ficou animado ‘isso é bom, isso é bom’. Na jornada seguinte, empatámos na Madeira. Fizemos um bom jogo e continuávamos na zona perigosa de descida à 2.ª divisão. O Jesus levanta-se do banco, mal soa o último apito do árbitro, e diz-me que vai pedir a demissão. Aí intervim e disse-lhe que nem pensar. ‘Quiseram bater-te, fazer-te em picado, agora é que vamos ficar até ao fim.’ Curiosamente, ou não, o Jesus teve um convite dos White Angels para um jantar durante essa semana.

Ouchhhh ou duplo ouchhhh?

Perguntei-lhe se queria companhia. Disse que não, foi sozinho. No dia seguinte, disse-me que havia gajos com o triplo do meu tamanho. Que chegou lá a medo, mas foi um convívio espectacular. E a verdade é que o Vitória continuou na 1.ª, com sete vitórias nos últimos nove jogos.

Grandes momentos. Temos é de voltar a Setúbal.

Ahahahah. Vamos a isso.

Fazes duas boas épocas em Setúbal e vais para o FC Porto, é assim?

Tive propostas de ene clubes.

Internacionais?

AZ Alkmaar e Flamengo.

Flamengo?

Ia reunir-me com um dirigente do Flamengo que também era dirigente da Confederação Brasileira em Sevilha. Estávamos na altura do Mundial-82 e eu ia ter com ele à sede do Brasil.

O que falhou?

Canceleram a reunião à última hora porque o Flamengo contratou um argentino Raúl. Em Portugal, tinha assinado pelo Braga e havia o compromisso de me deixarem sair, caso o interesse do FC Porto fosse para a frente. Atenção, já tinha dito não ao Benfica.

Não ao Benfica?

Na reunião com o Fernando Martins, disseram-me que ia para o Benfica para ser suplente do Bento. No FC Porto, a conversa era outra. Eles já tinham Fonseca, Tibi e Zé Beto. Mesmo assim, o senhor Pedroto disse ‘eu quero o Jorge Amaral’. Essa forma de desejar deu-me a volta à cabeça e fez-me assinar pelo Porto.

Entendo perfeitamente.

O Bento era extraordinário, com uma capacidade ilimitada de trabalho, mas o Fonseca era o meu ídolo. Pela postura, pela altura e pelos calções compridos.

Chegaste ao Porto e quê?

As coisas correram-me bem. Ou não, ahahahahah. Na estreia, com o Estrasburgo do Didier Six, na apresentação aos adeptos do Porto, nas Antas, levo um golo e nem estou na baliza.

Hein?

Um árbitro português apita para o início e eu ainda estou a chegar à baliza, desde o balneário. Eu e o Romeu estávamos completamente fora. A partir daí, nem mais um jogo.

Na pré-época?

Sim, nem mais um jogo.

E depois?

Antes do arranque do campeonato, há um jogo particular a meio da semana: Porto-Sporting Gijón por causa da transferência do Gomes. O senhor José Maria Pedroto mete-me a jogar e ganhámos 2-0, sem ter feito nada de extraordinário. Jogo depois em Portimão a titular. Ganhámos 2-1 e o golo deles foi do Norton de Matos. No balneário, o Pedroto dá-me uma palmada nas costas: “Estava a ver que não tinha guarda-redes”.

Ahahahahah.

Antes de um clássico em Alvalade, o célebre 3-3 com hat-trick do Jordão, o Pedroto chamou-me à parte durante a viagem de comboio. ‘É muito capaz de haver penáltis. Tens de ficar parado até o Jordão bater na bola, não te mexas.’ Sabes o que houve?

Nem ideia.

Dois penáltis para o Sporting. E o Jordão enganou-me nos dois. O Pedroto tinha uma visão especial dos jogos, vivia muito à frente. E sabia dar alento a qualquer um de nós. Na véspera desse clássico de Alvalade, faço uma boa defesa e ele acabou o treino, de repente. ‘Com esta defesa espectacular, é o fim. Tudo para o banho’

Grande.

Depois há um jogo que me corre menos bem, curiosamente em Setúbal. Havia muito vento e levo dois golos fora da área, perdemos 3-1. Nunca mais joguei até final da época.

E?

O meu cunhado é o Cristiano Ronaldo da hotelaria e era então o braço-direito do Barata. Conversa puxa conversa, perguntou-me se queria ir para o Farense. E fui.

Que tal?

Descemos de divisão na última jornada. Se ganhássemos ao Salgueiros, ficávamos na 1.ª. Se empatássemos, liguilha. Se perdessemos, descíamos. Estava 1-0 para nós a 13 minutos do fim. Lesiona-se sem gravidade o Miguel Quaresma na cabeça e o treinador mais o director, talvez mais o director, optam por uma substituição. Entra um familiar desse director e acabámos por sofrer três golos no fim.

Esse Farense já tem o Paco Fortes?

Completamente maluco. Ninguém estava sossegado ao pé dele, era irreverente por natureza.

Era o dono de Faro?

O craque, total. Tinha uma qualidade fora do normal e gostava muito de jogar do lado da bancada com sombra, sabes?

Ahahahaha.

Houve um choque entre nós, uma ‘rivalidade’. Até uma determinada altura, houve uma certa indiferença. Depois conversámos frente a frente, ainda no início da época, e endireitámos a relação. Sabes que os espanhóis sempre se julgaram muito superiores aos portugueses e era muito isso. Julgava-se acima de todos e não pode ser assim num clube de futebol.

Desceste de divisão, é isso?

Desci com o Farense, sim. Como a minha mulher era hospedeira da TAP, viajava muito de avião. Fazia Faro-Lisboa-Porto para ver a família. Um certo dia, apanho o FC Porto no aeroporto de Lisboa. O Artur Jorge vê-me e pergunta-me se quero ir para o FC Porto, se estava disposto a lutar pelo lugar do Zé Beto. Disse que sim, lógico.

Voltaste?

Voltei, mais dois anos nas Antas.

Apanhaste quem?

O Zé Beto e o Matos. Quando o Zé se lesiona, em Outubro ou Novembro, o treino indicia que sou eu o titular no jogo seguinte. No balneário antes do jogo, o Artur Jorge diz que é o Matos. Todos ficaram surpresos, até o Delane [Vieira] deu-me uma fitinha das dele. Resumindo, o Matos não deu e o FC Porto contratou o Mlynarczyk em Janeiro.

E tu?

Chateado, claro, mas nunca fui de questionar essas decisões técnicas. Lembro-me perfeitamente é do Artur Jorge dizer-me a meio de um treino: ‘Estás chateado? Não tens razão para isso, estavas todo cagado’ Não estava nada cagado, nunca estive. Queria sempre jogar. Sempre. Enfim.

Para acabar, como era ser um boneco no fim dos treinos?

Levava cada bolada.

Quem tinha o pontapé mais forte?

Eusébio. Batia a bola em cheio no pipo e ela saía aos esses, com uma força inacreditável. Os fins de treino na Luz eram um tormento. Nas Antas, o Madjer e o Sousa eram perigosos pela colocação e força. O Duda, em Setúbal, era invulgar na técnica do remate, muito talentoso.