Lolo Jones é uma das atletas mais mediáticas dos Jogos Olímpicos. Porque é bonita, porque aproveita a imagem para ganhar visibilidade e porque garante que ainda é virgem. Despediu-se de Londres 2012 com um quarto lugar nos 100m barreiras, em lágrimas e no meio de polémica.

A questão foi precisamente o mediatismo de Lolo Jones, de 30 anos. Não é bem visto junto das restantes atletas norte-americanas, e foi criticado na imprensa. Um artigo do New York Times no fim de semana, em vésperas da final de Londres, falava dela como um produto de marketing e lembrava como ela se prestava a vários papéis diferentes: tanto posou nua para uma produção da revista ESPN Magazine como se disse cristã e virgem, a guardar-se para o casamento. De caminho, dizia que não tem títulos de nível mundial, e citava um especialista olímpico a compará-la a Anna Kournikova, a antiga tenista russa que ficou famosa pela imagem.

Na terça-feira Lolo correu a final e terminou em quarto uma prova ganha pela australiana Sally Pearson e que teve as norte-americanas Dawn Harper e Kelly Wells em segundo e terceiro lugar. Ou seja, ela foi a pior atleta norte-americana na competição. No final, Harper disse que tinha sido aconselhada a não falar sobre Lolo Jones. E Wells comentou assim o ambiente na equipa feminina: «Acho que as três mulheres que ganharam o lugar e as medalhas e trabalharam no duro e fizeram o que tinham de fazer prevaleceram no pódio. Isso é tudo o que precisa de ser dito.»

Quanto a Lolo Jones, chorou. Na quarta-feira ela esteve no Today Show, da NBC, e disse que estava a ser injustiçada. «Deviam apoiar os atletas americanos e em vez disso desfizeram-me. Trabalho seis dias por semanas, todos os dias durante quatro horas para uma corrida de 12 segundos», afirmou, referindo-se ao artigo do NY Times: «Nem fizeram pesquisa, quando me chamaram Anna Kournikova da pista. Tenho o recorde americano. Tenho o recorde americano indoor, dois títulos mundiais indoor. Só porque não faço alarde disto, acho que não devo ser destroçada pelos media.»

Noutra entrevista menos emocional, à Associated Press, ela defendeu de resto a sua estratégia de marketing. «Os Jogos Olímpicos são só de quatro em quatro anos, por isso temos de aproveitar todas as oportunidades, para ser uma inspiração para as pessoas e ajudar os patrocinadores nos ajudam. Não lamento ter estado nas revistas», garante.

Posto isto, ela diz que vai continuar por aí. Depois de já ter competido em Pequim há quatro anos, onde sofreu uma queda na última barreira e terminou em sétimo, Lolo aponta agora aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.