Está completa a delegação portuguesa aos Jogos Olímpicos. São 75 atletas, que representam 13 modalidades. Na lista divulgada pelo Comité Olímpico confirmam-se de resto algumas baixas de peso, a última das quais a de Francis Obikwelu. As ausências do campeão olímpico Nélson Évora e de Naide Gomes, por lesão, já eram conhecidas, tal como as de Rui Silva ou Vanessa Fernandes, medalha de prata no triatlo há quatro anos. Portugal parte sem promessas de medalhas, mas para já com a satisfação de ter conseguido manter o nível de qualificação, numa conjuntura difícil.

«É extremamente positivo o número de participantes. Cada vez mais o nível qualitativo é superior, e é de salientar que Portugal ainda consiga ter tantos atletas no topo mundial. Todos estão lá por mérito», defende Mário Santos, o chefe da missão olímpica portuguesa, ao Maisfutebol, notando que o nível competitivo é cada vez mais exigente: «Há cada vez mais países a melhorar o nível, a excelência é cada vez mais global.»

E depois há a crise. O apoio global do Estado para este ciclo olímpico foi idêntico ao de há quatro anos, 14 milhões de euros, mas a conjuntura económica tornou o resto mais difícil. «A crise no país não ajuda a que o desporto de alto rendimento consiga reunir as condições ótimas. O apoio do Estado precisa de ser complementado com outros apoios, nomeadamente privados. E nesta conjuntura foi muito mais difícil aos atletas e às Federações encontrar esses financiamentos», observa Mário Santos.

Quanto a objetivos desportivos, o discurso é cauteloso. Depois das desilusões de Pequim, quando os resultados não justificaram as expectativas, apesar do ouro de Nélson Évora no triplo salto e da prata de Vanessa Fernandes, desta vez não há metas definidas.

«No anterior contrato-programa como Governo estavam delineados e quantificados objetivos. Neste contrato isso não acontece. Existem objetivos desportivos, mas definidos de forma não quantitativa, nomeadamente no que diz respeito a medalhas e pontos (que são atribuídos por classificações finais até ao oitavo lugar, considerados lugares de mérito)», diz Mário Santos.

O responsável pela delegação portuguesa, que é também presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, coloca a meta na superação individual de cada atleta. «Para nós um bom resultado, para atletas com objetivos diferentes, é eles conseguirem o seu melhor resultado desportivo», afirma, garantindo que evita alimentar esperanças secretas em relação a medalhas: «Talvez por defeito, por também ser presidente de uma Federação, não tenho ilusões. Aqui não há sorte, nem feelings. Temos de nos preparar de forma intensa, tentar fazer o melhor.»

Alguns resultados recentes de atletas portugueses, nomeadamente nos Europeus de atletismo, podem contribuir para aumentar as expectativas. Mas os Europeus, onde Dulce Félix ganhou o ouro nos 10 mil metros, Patrícia Mamona a prata no triplo salto e Sara Moreira o bronze nos 5000m, são muito diferentes dos Jogos Olímpicos. Não só não estão lá alguns dos melhores atletas, como todo o contexto é diferente.

«Não nos iludimos com resultados que são sempre bons, mas que não se comparam com a prestação olímpica. Felizmente os nossos atletas e dirigentes estão conscientes da relatividade dos resultados desportivos. Estas participações fazem parte da preparação», analisa Mário Santos, sem deixar de admitir que são obviamente «indicadores positivos, que não só trazem esperança como também motivação.»

Portugal leva a Londres 2012 menos dois atletas que levou a Pequim, há quatro anos, mas tem o maior contingente feminino de sempre, 43 por cento do total. Atletismo, Badminton, Canoagem, Ciclismo, Equestre, Ginástica, Judo, Natação, Remo, Ténis de Mesa, Tiro, Triatlo e Vela são as modalidades em que Portugal estará representado na competição, que decorre de 27 de julho a 12 de agosto.

(Artigo atualizado)