Lucho González, jogador do F.C. Porto, em entrevista ao jornal argentino Olé, falou com nostalgia do campeonato do seu país que vai atenuando através de um canal de televisão por cabo espanhol que passa os jogos do seu país. O médio diz que a adaptação à cidade correu muito bem, mas sente falta de jogar no Estádio Monumental, onde joga o River Plate, cheio e estranha a atitude dos jogadores em Portugal.
«Agora tenho um cabo espanhol e vejo tudo. Passa os jogos da Argentina e às segundas-feiras repetem todos os golos. Ao princípio só via os vídeos dos jogos da I Divisão e do programa do Diego (Maradona). Depois o Scaloni (jogador do D. Corunha) mandou-me um aparelho de cabo para ver tudo em directo. Muito bom», conta Lucho.
O médio diz que já se sente adaptado e já se mexe bem dentro da cidade, contando sempre com o Dragão como referência. «Há uma parte antiga e outra mais moderna onde vivemos, perto da praia, com muitos restaurantes. Por sorte, estamos bem e estamos satisfeitos. Há uns tempos fomos até Vigo, em Espanha. É parecido com Buenos Aires e fica a uma hora de auto-estrada. No início só saíamos para ir aos treinos e ao estádio. Quando nos perdíamos, tínhamos de encontrar o estádio para nos voltarmos a orientar», destacou sempre no plural, incluindo o companheiro Lisandro López.
A língua foi um problema, principalmente nas palestras de Co Adriaanse, que só fala inglês ou francês, mas Vítor Baía vai dando uma ajuda. «Entendemos mais do que falamos. O treinador fala inglês ou francês e, se não percebermos, o Vítor Baía traduz. Queria começar a estudar inglês, porque quando viajamos todos falam inglês, mas aqui não há professores de inglês-espanhol, por isso vou ter de aprender português mesmo», comentou.
O que Lucho sente mesmo falta é do ambiente dos estádios argentinos, bem diferente dos da Europa, ainda por cima depois da experiência no Giuseppe Meazza, onde defrontou o Inter Milão à porta fechada. «O que sinto mais falta é jogar no Monumental cheio. Aqui os jogadores encaram o futebol como um trabalho, não conhecem uma recepção como na Argentina. Eu e o Lisandro costumamos dizer que se fossem lá ficavam com a boca aberta», começou por destacar antes de se referir ao jogo de Milão.
«Havia apenas cem adeptos do F.C. Porto e nada mais. No nosso estádio jogamos com 45 mil adeptos que levam bandeiras, mas não se compara com a Argentina», acrescentou.
Se no River Plate lutava para ser campeão, os objectivos no F.C. Porto não mudaram. «É um grande clube e com o Benfica, é como o River e o Boca. Estamos tranquilos porque estamos à frente deles. Além disso os adeptos têm paciência porque temos um plantel jovem, mas o objectivo é ganhar a Liga. Na Liga dos Campeões temos de passar à próxima fase, precisamos de ganhar os dois jogos que nos faltam. Depois há muitas equipas boas», referiu.
Lucho está encantado com a Liga dos Campeões, que já conhecia dos jogos da Play-Station. «No outro dia vi o Juventus-Bayern e eram todos tão bons que nenhum conseguia ter vantagem. É um torneio espectacular», contou.