Os «Lugares Incomuns» do futebol internacional passaram a semana num pingue pongue entre a nossa Europa e a grande Ásia. São os dois espaços privilegiados da maquete (quase perfeita) de jogador que é Kubo. Façamos uma retrospectiva da carreira do japonês, desmontemos as suas principais características e tracemos um futuro que pode passar por uma das principais ligas.

Yuya deu os primeiros passos no futebol com seis anos de idade, no FC Yamaguchi, um dos clubes de Yamaguchi City. Foi a cidade em que nasceu e que serviu de trampolim para (aos 15) ingressar prematuramente nos sub18 do Kyoto Sanga FC.

O talento era tão evidente que rapidamente foi aberta a sua caixa e colocado em uso a nível sénior. A promoção à equipa da J2 League (segunda divisão do Japão) aconteceu quando ainda tinha 16 anos. Daí até aos maiores palcos, pareceu uma questão de segundos.

Depois de uma primeira temporada, como seria de prever, discreta, foi em 2011/2012 que anunciou que a afirmação seria meteórica. 33 partidas realizadas e 13 golos, indubitavelmente um jogador chave da sua equipa e (como se não bastasse) repleto de oportunismo nos jogos de extrema importância.

A Taça do Japão (Emperor’s Cup) esteve perto de deixar de ser uma miragem para um clube que não pertencia à elite. Kubo marcou na meia final (contra o Yokohama Marinos) em que a equipa se apurou e também na finalíssima que perderia para o FC Tokyo. Esteve num dos grandes momentos da história do Sanga e mereceu uma revisão contratual antes de se despedir em 2012/2013.

O dia 18 de junho de 2013 assinalou a etapa seguinte. Chegada aos suiços do Young Boys e uma coleção imensa de pedaços de bom futebol.

Kubo voltou a corresponder, ao longo de 3 temporadas e meia, somando 131 jogos e fazendo a bola ultrapassar a linha de baliza por 37 vezes, juntando ainda muitas assistências.

O patamar competitivo aumentou e a adaptação foi gradual (e em crescendo) como comprovam os números de época para época (34j-7g / 37j-7g / 35j-11g / 25j-12g) até voltar a despertar a cobiça, de forma concreta, noutra liga degraus acima.

Mais de 3 milhões de euros serviram para fazer a ponte até aos conceituados belgas do Gent. A exposição mediática é agora maior, desde que assinou em janeiro deste ano, merecendo uma análise aos seus principais atributos e a colocação do seu potencial no radar da bola desta rubrica.

Yuya Kubo (178cm) é um avançado na verdadeira acepção da palavra. Não é possível afirmar categoricamente que ocupa uma e apenas uma posição na frente de ataque com qualidade, muito menos perceber se há algum espaço onde ofereça mais a si e aos seus colegas. Joga, desde sempre, habitualmente na faixa esquerda ou como avançado, lado a lado com o parceiro, num esquema 4x4x2.

Como extremo é simplista e eficaz. Quando parte do corredor central enquanto posição base vale essencialmente pela mobilidade. É essa a palavra chave do que o nipónico oferece ao jogo.

Aguenta com facilidade os 90 minutos sem nunca se dar à marcação. É excelente nos movimentos sem bola, tanto a solicitar como a servir de abre latas para os colegas, tem grande amplitude de preenchimento de espaços e capacidade de recuar para transportar jogo com a bola controlada.

Tecnicamente extremamente evoluído, não raras vezes consegue decidir individualmente sem que seja um jogador de índole individualista. Eis um exemplo bem recente.

Embora destro, é razoável (numa escala de 20 valores teria 12) com o pé esquerdo, situação que facilita em contextos como o de ir à linha e cruzar. Tem bom remate de meia distância e vai aprimorando a sua relação com o golo, que deverá continuar a aumentar, agora que tem 23 anos.

No Gent já marcou 5 vezes na Jupiler Pro League (primeira liga belga) em apenas 572 minutos, registo de valorizar principalmente por todos os golos terem sido apontados em jogos diferentes e contribuindo diretamente com pontos para os Búfalos.

Claro que a forma recente não passou despercebida a Vahid Halilhodzic, selecionador dos Samurais Azuis, que chamou Kubo para ajudar na fase de qualificação asiática no caminho para a Rússia.

Depois de várias internacionalizações positivas pelos escalões jovens e apenas duas participações pelos A em provas secundárias, Yuya apareceu num grande jogo e a fazer a diferença (surpreendentemente como ala direito) marcando e assistindo na vitória por 0-2 nos Emirados Árabes Unidos.

Sabendo do interesse da Premier League e da Bundesliga pelo super vendável mercado asiático, não serão certamente poucos os scouts na órbita do japonês que está mais na moda do que o sushi.