Os «Lugares Incomuns» do futebol internacional estão na cidade argentina de Lanús para acompanhar os passos mais recentes de um atleta profissional que nem sempre acreditou que o seria.

Alejandro Silva nasceu em Montevideu, no Uruguai, onde deu os primeiros toques na bola. Como muitos outros miúdos, inscreveu-se numa equipa de formação e começou a competir enquanto federado. A vida, difícil financeiramente, aliado à descrença que podia atingir o alto nível, fê-lo procurar um trabalho mais comum.

Começou por ser lojista, passou por uma empresa metalúrgica e acabou a entregar pizzas. Pelo meio, a bola continuava a ser companhia nos jogos de bairro com os amigos. E foi num campeonato de bairro que chamou a atenção do Boston River, da segunda liga do seu país. Foi solicitado para fazer a pré-época com o clube verdirrojo, mas acabou dispensado.

A filosofia tinha mudado, porém. Renovado, aproveitou a oportunidade e foi fazer testes no Fénix. Em 2011, já com 21 anos, teve finalmente uma hipótese… na terceira divisão.

Vindo das cinzas, convenceu e foi transferido pela primeira vez. Uma mudança para além fronteiras onde representaria o Club Olimpia do Paraguai.

No El Decano, Silva somou 60 jogos, marcou 10 golos, brilhou e até chegou a disputar uma final da Copa Libertadores, em 2013, caindo aos pés dos brasileiros do Atlético Mineiro apenas nas grandes penalidades. Uma final onde fez isto, para ver e rever no vídeo abaixo a partir do segundo 18.

Não foi, por isso, de estranhar que suscitasse interesse. 2014 ficou marcado pela transferência para o Lanús. Fez 21 partidas, foi emprestado ao Peñarol, regressou à província de Buenos Aires, seguiu para novo empréstimo no seu velho conhecido Olimpia (sagrando-se campeão no Paraguai) e voltou em definitivo para a Argentina.

Entre viagens, disputou os Jogos Olímpicos de Londres em 2012 e estreou-se pela seleção A da Celeste ante o Chile. Depois das duas internacionalizações pelo Uruguai, nunca mais voltou a ser chamado. A inconstância do seu jogo ao serviço do Lanús estará na origem.

Para destacar as principais características de Alejandro, olhamos essencialmente para 2015 e 2016 pela proximidade no tempo e pela qualidade no espaço.

O melhor período em funções no Olimpia (com 20 golos em duas épocas) e também as últimas semanas em que está a ser figura (já leva 1 golo e 2 assistências) na Libertadores LVIII.

Alejandro Silva (178cm) é lateral ou extremo direito. Embora faça as duas posições, nos últimos anos estabilizou a jogar na maioria das vezes no ataque. É nessa função que falaremos dele.

Tem a mesma eficácia com os dois pés, mas pode considerar-se destro visto ser o pé que escolhe quando vai executar bolas paradas.

Velocíssimo, é o jogador tipo que necessita de espaço para render. Indicado para equipas que precisem de largura, sabe fazer movimentos da direita para o centro, porém não tem aptidão para atuar em zonas interiores. Aproveita-as sim para aparecer em carreira de tiro e dar uso à sua longa distância de qualidade ou surpreender os centrais em superioridade numérica.

Super dotado tecnicamente, um dos motivos para ter sido adiantado no terreno de jogo, finaliza sem dificuldades no 1x1 com o guarda-redes, optando por esperar a queda e picar a bola por cima frequentemente.

Tem um excelente ball control, principalmente nas receções orientadas, que lhe permitem arranjar espaço onde ele não existe para atirar às redes.

Escondida em todo o talento, está a irregularidade que não permite que seja consensual entre os adeptos do Granate da Argentina, um caminho em que é complicado fazer inversão de marcha para mudar para uma estrada principal.