A figura: Luís Díaz

Uma viagem ou uma noite mal dormida pode retirar ‘pernas’ ou discernimento, mas não tira nunca o talento individual de um jogador. E nesse aspeto, sabia-se de antemão, Luís Díaz era dos jogadores com maior capacidade no clássico. O colombiano começou a partida com um slalom gigante pela esquerda. Depois ficou entre a pressão a Neto ou baixar em Porro no golo do Sporting, como se vivesse atordoado entre esses dois mundos que são o ataque e a defesa. Conceição tinha falado que, para além dos cinco momentos do jogo, podia surgir a habilidade individual dos intérpretes. Acertou em cheio, porque um dia depois, foi isso mesmo que sucedeu. Mais uma vez, por outro talento que o FC Porto descobriu na Colômbia. Com bola, Díaz deixou sempre a ideia de que podia fazer alguma coisa mais, que podia ser ele a desequilibrar a muralha verde e branca. Quando recebeu de Corona, todos os portistas terão acreditado também. O golo foi a confirmação dessa fé.

Positivo: Otávio

O mais novo internacional português foi sempre uma referência no futebol portista. Otávio criou a melhor oportunidade dos azuis e brancos no primeiro período e ainda foi a tempo de acabar com uma do Sporting nessa etapa. Serviu Corona para um golo cantado, num passe típico do luso-brasileiro, e depois roubou hipótese a Nuno Santos, naquela jogada em que ambos terminaram no chão. Otávio, aí, leu muito bem o jogo defensivamente, como o fez na outra vertente: a bola chegou-lhe muitas vezes e quer em combinações curtas, quer longas levou a bola para mais perto da área leonina. Sempre ligado, sempre a querer jogo, sempre inconformado, sempre revoltado… o melhor do FC Porto enquanto esteve em campo e só não sai como figura porque o que Luís Díaz fez num lance foi mesmo relevante para o resultado e para a classificação.

O momento: minuto 71

A jogada é toda ela boa. O passe de Uribe a quebrar a linha média do Sporting, Otávio a aguentar a pressão de Matheus Nunes e a dar os passos para a frente necessários para que o FC Porto ficasse com bola. A abertura para Corona e a variação de flanco do mexicano para Luis Díaz. A saída mais limpa dos dragões em todo o encontro terminou no talento do colombiano, que fez o 1-1 com um golaço.

Outros destaques

Diogo Costa

A primeira bola era inalcançável, as outras foram defesas fundamentais para deixar o FC Porto vivo no jogo, na primeira parte. Ganhou no um para um com Nuno Santos, na segunda vez que o esquerdino lhe apareceu pela frente – a primeira fora a tal bola, a que não podia chegar no 1-0. E também lhe ganhou quando o camisola 11 do Sporting tentou de longe. Depois, aos 74, mostrou atenção ao atirar para canto um cabeceamento de Paulinho.

Pepe

O «senhor clássico» porque nunca joga mal em nenhum. Pepe foi fulcral numa defesa que surgiu demasiadas vezes desalinhada. O capitão portista intercetou vários lances em que o perigo leonino era iminente. Nos duelos, é um jogador impressionante, como se sabe, mas é também pelo sentimento que lidera o FC Porto em campo. Esta noite foi apenas mais uma prova disso.