Luís Guilherme, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga, defende que os observadores de árbitros têm maiores limitações na análise dos jogos do que os espectadores. E a solução que preconiza, lembra, está há muito na gaveta.
«Enquanto nós analisamos pela televisão, os observadores analisam no campo. Podem ver as imagens no campo, onde houver, mas têm que analisar no próprio dia. O relatório pode seguir mais tarde, mas têm de enviar a nota imediatamente no final do jogo. As pessoas esquecem-se que a avaliação que os observadores fazem é no terreno, a nossa é com base nas imagens televisivas e em todas as repetições», afirma o dirigente ao Maisfutebol.
Luís Guilherme defende que devia haver uma avaliação posterior, que pudesse precisamente ter em conta todas as imagens disponíveis, mas diz que esse é um projecto que está na Liga há quatro anos e nunca avançou. O projecto passaria por criar uma comissão de análise, cuja avaliação contribuiria com uma percentagem para a nota final do árbitro, em conjunto com a do observador.
«A Comissão de Arbitragem propôs isso há quatro anos, os clubes é que não a puseram em prática», afirma, acrescentando que «o problema é dinheiro». «Era preciso haver meios iguais em todos os estádios, porque têm de se avaliar de modo igual todos os jogos. Mas nós temos o futebol que temos, onde não se preocupam com as receitas, e depois queremos fazer vida de ricos», atira.
Quanto às consequências das notas que os observadores atribuem aos árbitros, elas contam para a avaliação no final da época e, embora não tenham consequências práticas imediatas, acabam também por poder ser ponderadas na gestão das nomeações.
A questão surge a propósito da nota de 7,1 atribuída a João Ferreira depois do Sporting-P. Ferreira, que o dirigente não comenta, analisando apenas a avaliação em termos globais. «Uma nota abaixo de oito nunca é boa. O normal é uma nota de oito, abaixo disso é negativa», explica o dirigente, acrescentando que «pode ter efeitos nas nomeações», mas a avaliação do juiz é feita no final da época e pondera todas as actuações: «A época é a média das notas todas que tiver, em 22 ou 23 jogos que deve apitar.»