O set musical da Bélgica demorou a animar a pista montada em Sochi para o arranque do Grupo G, mas quando Lukaku – ou Dj Big Rom, como gosta de se intitular quando decide dar música aos companheiros – tomou os comandos da festa, a coisa aqueceu. Para desgosto do estreante Panamá, que não terá apreciado a mudança da batida, depois de ter obrigado a super-favorita Bélgica a dançar ao seu ritmo na primeira parte.

Isto, porque menos 20 minutos da segunda parte, a Bélgica resolveu um jogo que no primeiro tempo se complicou mais do que a equipa de Roberto Martinez esperava. Depois de ter sido o guarda-redes panamiano, Jaime Penedo, a brilhar mais intensamente durante toda a primeira parte, um remate fulminante de Mertens abriu caminho pelo canal, até então intransponível, do Panamá. E depois, o cargueiro Lukaku não se fez rogado e aproveitou a brecha para bisar e resolver a coisa, dando um início prometedor aos Diabos Vermelhos.

Penedo (aparentemente) inquebrável

É verdade que a Bélgica entrou no jogo determinada em estragar a estreia do Panamá, mas os seus homens da frente demoraram a levar a melhor sobre Penedo, que defendeu todos os remates que poderiam ter dado vantagem aos belgas.

O melhor exemplo disso surgiu aos 37 minutos, quando, após uma penetração de Hazard pela zona central da grande área,e o camisola 1 do Panamá sacudiu com uma palmada intenção do capitão belga.

Mas antes disso, Penedo já tinha travado o mesmo Hazard, repetiu a dose perante Mertens, e quando o guardião panamiano já não estava lá para salvar, surgiu Torres, aos 22 minutos, a desviar do caminho do pé direito de Lukaku, no momento certo, a bola cruzada da direita por Mertens.

E com a segurança transmitida pelo seu guardião, a equipa panamiana foi-se soltando das amarras dos nervos de debutante. Com as linhas defensivas cerradas a dificultar a construção ofensiva dos Diabos Vermelhos, o contra-ataque panamiano começou a aparecer, faltando sempre, porém, clarividência suficiente para sequer incomodar Courtois.

Mertens pouco solidário com o estreante

A entrada na segunda parte, porém, como já se escreveu, mudou completamente a história do jogo. E tudo começou em Mertens. O jogador que é conhecido por, em Nápoles, onde joga, surgir inúmeras vezes associado a ações de solidariedade, não foi amigo do Panamá e, depois de um alívio defeituoso da defesa panaminana, desenhou, de forma perfeita, o arco que abriu caminho para o triunfo belga.

O golo, logo no arranque da etapa complementar, tranquilizou a equipa que, com mais espaço, passou a ser bem mais perigosa.

E a prova disso aconteceu pouco mais de dez minutos após o golo inaugural, quando se viu uma amostra do que pode acontecer quando se tem Eden Hazard e Kevin De Bruyne a jogar na mesma equipa.

No flanco esquerdo do ataque, após o capitão chamar a si a atenção de três defensores, colocou a bola em De Bruyne que tirou outro defesa do Panamá do caminho para cruzar de trivela de forma perfeita para a cabeça de Romelu Lukaku que, em posição frontal não vacilou e aumentou a vantagem belga.

A perder por dois golos de diferença, o Panamá viu-se obrigado a arriscar mais para tentar levar algo positivo do jogo de estreia, e isso abriu a pista para Lukaku voltar a brilhar. Após recuperação de bola de Kevin De Bruyne, Hazard correu triunfante pelo meio-campo do Panamá e, no momento certo, lançou novamente Lukaku que, com toda a classe, picou a bola sobre Penedo e fez o resultado final.

Apesar de ter demorado a carburar, esta Bélgica cumpriu e deu uma pequena amostra daquilo que vale, mostrando o porquê de chegar ao Mundial com uma série de 19 jogos sem derrotas. São agora vinte. E para quem gosta de dados estatísticos – e mesmo para os que não gostam – pode referir-se também que Lukaku marcou 16 golos nos últimos 15 jogos pela seleção.

Boa malha, Big Rom.